PUBLICADO EM 23 de dez de 2020
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Viva a união da CTB com a CGTB; um caminho a ser consolidado

Meus companheiros e minhas companheiras
Delegados do VIII Congresso da CGTB

Só pude chegar agora no final do Congresso. Tinha um procedimento de saúde inadiável. Mas fiz questão de trazer meu abraço a todos e manifestar meu apoio às resoluções do Congresso.

A principal decisão deverá ser a unificação com a CTB. E esta será, a partir de hoje, a principal tarefa da diretoria eleita. A CGTB, sua história, seu programa e sua combatividade viverão mais fortes e mais amplos através da fusão.

Nós vivemos a mais dramática crise de nossa história. Um presidente negacionista, contra a ciência, envolvido com milícias, contra a democracia, a favor da tortura e da ditadura. Por sua responsabilidade, a pandemia já matou mais de 185 mil brasileiros. É contra a vacina e as medidas de proteção à população. São 60 milhões sem emprego. Tem mais trabalhador inscrito no auxílio de emergência do que com carteira assinada. Esses dois últimos anos foram terríveis. Além do desemprego e do arrocho salarial, acabaram com os direitos trabalhistas e com o direito à aposentadoria.

Em 2018 o resultado eleitoral foi um desastre. Para o povo, a culpa da crise foi do governo do PT. A verdade é que eles queimaram nosso filme. Mas agora, em 2020, nestas eleições, o bolsonarismo teve uma derrota importante, perdeu em todas as capitais. A maior, foi em São Paulo. O povo elegeu o principal inimigo do Bolsonaro, o Prefeito Bruno Covas. A discussão principal foi à saúde e a vacinação. Bolsonaro foi derrotado em seu aspecto mais reacionário e mais criminoso.

É evidente que se o Bolsonaro foi derrotado o povo ganhou mais espaço, mais força. Por isso, para ocupar este espaço, a importância de uma Frente Ampla contra o Bolsonaro de todos que são pela vida e pela democracia.

Como na luta contra a ditadura para a sustentação da Frente Ampla é necessário retomar o protagonismo dos trabalhadores, da unidade sindical. É necessário superar uma certa letargia do movimento sindical.

Neste sentido, mais do que nunca, é fundamental e urgente nossa unidade com a CTB, para construir uma coluna firme que dê suporte a uma unidade ampla e combativa do movimento sindical.

Comunico aos meus companheiros que estou deixando a secretaria geral para assumir outras responsabilidades. A pedido do companheiro Bira, permaneço na diretoria, como forma de apoio às resoluções, assim como de me colocar à disposição de cada companheiro.

Fui eleito secretário geral em 2006, há 14 anos, no IV Congresso. O período 2006/ 2011 foi quando a CGTB teve seu pico de crescimento. Incorporou parcelas majoritárias de categorias como construção civil, dos movimentadores de mercadoria, celetistas de cooperativas, marítimos, caminhoneiros, músicos e artistas, mineiros de Minaçu, Goiás, sob a liderança dos companheiros Adilson e Xiru, vestuários de São Paulo, sob a liderança do companheiro Natal, além da incorporação de duas centrais, a CBTE e a de profissionais liberais.

Fomos protagonistas na luta pelo reconhecimento das centrais e na aprovação da lei 11.648. A CGTB alcançou a aferição. Junto com as federações e confederações barramos o projeto do governo de acabar com a unicidade sindical e tivemos uma grande participação na luta pelo aumento real do salário mínimo, em especial nas marchas em Brasília, com a participação destacada dos sindicatos rurais de Brasília e entorno. Editamos um excelente estudo sobre o tema, de autoria do prof Nilson Araújo, que foi base para as discussões das centrais e do governo.

A CGTB teve participação destacada no Conselho de Desenvolvimento e no Conselho de Segurança Alimentar. Com muita determinação, no VI Congresso, impedimos que a CGTB descarrilhasse e logrando manter sua trajetória (em síntese, a essência desta vitória). A seguir, foi uma luta determinada de resistência contra as privatizações, os juros absurdos, em defesa dos direitos trabalhistas, de persistência contra o assédio vergonhoso e corrupto aos sindicatos filiados à CGTB e o encolhimento do movimento sindical, o que nos permitiu chegar até aqui.

A CGTB é a mais tradicional central sindical brasileira. É filha do Comando Geral dos Trabalhadores, que deu sustentação às Reformas de Base propostas pelo presidente Jango. Que conquistou o 13º, numa greve memorável. Que foi perseguida e seus dirigentes presos, exilados, torturados e alguns assassinados pelo golpe de 1964.

É herdeira da CONCLAT, que foi realizada com mais de mil sindicatos e cinco mil delegados, consequência das greves de centenas de categorias contra o arrocho salarial da ditadura no final dos anos 70. Da histórica greve geral com manifestações do dia 21 de julho de 1983, contra o decreto 2.045 que arrochava os salários. A CGTB foi fundada em 1986 com Joaquinzão, presidente dos metalúrgicos de São Paulo, sendo eleito para a presidência da CGTB.

Talvez sejamos a única central que tenha entre os quadros dirigentes companheiros que participaram da organização desses eventos: Companheiro Bira, nosso atual presidente, então diretor e depois secretário geral dos metalúrgicos. Companheiro Alfredo, ferramenteiro, combatente da igualdade racial, presidente da Comissão de Fábrica da Eletrolux. Companheira Maria Pimentel, gráfica – a primeira mulher dirigente de uma federação de trabalhadores, junto com a saudosa companheira Cida Malavasi, metalúrgica, foram pioneiras na questão feminina – registre-se a realização do Congresso Nacional da Mulher Trabalhadora, em 1986. No trabalho internacional da CGTB, em 2002, Maria coordenou pela FSM (Federação Sindical Mundial) a vitoriosa campanha que elegeu pela primeira vez o vice presidente da ACFTU (Federação dos Sindicatos de Trabalhadores de Toda China) , que representa um milhão de trabalhadores, para ocupar uma vaga no Conselho de Administração da OIT, derrotando a cúpula burocrática da instituição. Leandro, diretor dos Urbanitários do Rio. E este que vos fala, na época, assessor do Joaquinzão. Companheiro Lindolfo, dos operários químicos, a quem presto uma homenagem especial, foi o principal responsável construção material da CGTB e formulador de questões estratégicas como a defesa da previdência pública. Por último, o companheiro Oswaldo Lourenço, falecido recentemente aos 94 anos, mais lúcido do que nunca. Este, do CGT, da resistência armada, liderança maior dos aposentados.

Foi histórica nossa participação no impeachment de Collor. Paulo Sabóia, dos trabalhadores em tecnologia da informação, colocou uma enorme faixa no plenário da Câmara Federal, com repercussão em toda imprensa. Realizamos as memoráveis marchas da construção civil, com dezenas de milhares de trabalhadores, contra o desemprego, sob a liderança do companheiro Edgar, pres. do sindicato de Brasília, já falecido, e do companheiro Bira. Reunimos com Itamar, na véspera dele assumir a presidência e fizemos parte, de forma destacada, da “Agenda Brasil”, reunião do presidente, ministros e trabalhadores.

Vertemos nosso sangue na resistência às privatizações de FHC e estivemos ao lado de todas as centrais pela eleição do presidente Lula. Alias, que perdeu a oportunidade de retomarmos o programa de desenvolvimento de Getúlio, Juscelino e Jango, com qual durante 50 anos crescemos a 7% a.a. ao ano e o país construiu um parque industrial do top da França, da Itália e da Inglaterra. Getúlio criou o Ministério do Trabalho e entregou aos trabalhadores a legislação trabalhista mais avançada do mundo, consolidada na CLT, em 1943. Instituiu o salário mínimo capaz de sustentar uma família de 4 pessoas.

O bastão está em suas mãos. É grande a responsabilidade. Precisamos derrotar Bolsonaro. Consolidar uma poderosa Frente Ampla, que imponha mais uma derrota ao Bolsonaro, agora na eleição para mesa da Câmara. Lutar para garantir a vacinação do povo. Promover a unidade sindical.

Precisamos crescer. Reindustrializar o país. Fortalecer o poder de compra dos trabalhadores, o único caminho para enfrentar de fato o desemprego. Unir a nação em torno de um programa nacional desenvolvimentista.

Para isso, o decisivo é unir CGTB e CTB. Esta é nossa principal tarefa a partir de agora. É uma necessidade da realidade. A CTB honra nosso passado. Tem a mesma origem que a CGTB. Como nós, não acha que tudo começou com eles. Defende a unidade sindical, a Frente Ampla e considera da maior importância a solidariedade internacional.
Sob o comando do companheiro Bira, nossos mais jovens e vigorosos dirigentes como Antônio Augusto e Nelcir do Sintergs, Cida Lopes dos comerciários, Eder da CGTB/RS, Flauzino dos economistas, Litti dos caminhoneiros – um dos principais lideres da greve dos caminhoneiros que sacudiu o país em 2018, Vivian do sindicato dos trabalhadores em telemarketing, Antônio Celso da construção, Augusto dos elevadores, Ivonete dos artistas, Eloísio dos comerciários, Antônia das enfermeiras, Maurício dos agentes comunitários, Paulo Langner da reparação de veículos estão com a vitória ao alcance de suas mãos.

Primeiro, e antes de tudo, cabe ao companheiro Bira concluir a discussão da composição e nossa nossa participação na executiva e na diretoria da CTB.

Em segundo lugar, conviver, conviver e conviver. Nos estados, todas as iniciativas devem ser comuns,. Devemos participar dos congressos estaduais integrando as diretorias. Propor a participação como convidado na executiva da CTB, assinar notas conjuntas para as resoluções comuns, em todas as iniciativas, propor no timbre “rumo á unificação”, realizar plantões semanais na sede da CTB.

Em Agosto, no Congresso da CTB, faremos uma grande festa em celebração à unidade, se cumprirmos agora o que nos cabe.

Viva a unidade CTB CGTB

Viva a unidade sindical
Viva a Frente Ampla

Carlos Alberto Pereira é Secretário Geral da CGTB de 2006 a 2020

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