PUBLICADO EM 18 de maio de 2018
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Um desespero multiplicado 27,7 milhões de vezes

Wagner Gomes

Wagner Gomes

Dados publicados ontem (17/05) pelo IBGE com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), apontou que 27,7 milhões de brasileiros estão sem trabalho. Este número é o maior da série histórica iniciada em 2012.

Ser desempregado para o IBGE não é uma tarefa das mais fáceis. Os números são classificados da seguinte forma: 13,7 milhões é o número daqueles que procuraram emprego nos últimos 30 dias, considerados desempregados (são aqueles que tomam providências para conseguir um emprego); 6,2 milhões trabalham aquém do que poderiam, são os subocupados; 4,6 milhões simplesmente desistiram de procurar emprego, são os desalentados e 3,2 milhões são pessoas que não tem disponibilidade para trabalhar por “algum motivo”, item não muito bem esclarecido pela pesquisa.
Todos que estão inseridos nestas classificações somam 27,7 milhões de pessoas, em sua maioria localizada na reunião nordeste do país, jovem, feminina, preta ou parda.

A grande mídia silencia ou mascara o fato. A Folha de São Paulo, em sua edição de 18/05 destaca que o “desalento” limita a alta da na taxa de desemprego, com um perverso viés. Os jornais matutinos da Bandeirantes e da Globo deliciam-se com o matrimônio na realeza britânica, a CBN afirma que o Brasil pecou e não educou seu trabalhador, conclusão: quem não é “qualificado”, não tem emprego. O drama social e humano que significa estar desempregado parece não ser terrível o suficiente para entrar na pauta.

27,7 milhões é o valor da fatura. Resultado do desmonte do Estado, da redução das políticas de interesse social, em suma, das políticas ultraliberais implantadas pós-golpe.

É a resultante também da dita reforma sindical e trabalhista, vendida como solução para o desemprego, mas que criou a insegurança e empurrou os trabalhadores formais para a informalidade.

O cenário para retomada econômica e dos níveis de emprego está longínquo, mas começam necessariamente agora em outubro de 2018. As eleições deste ano serão determinantes para o destino da classe trabalhadora brasileira.

Wagner Gomes, secretário-geral da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)

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