O Primeiro de Maio foi instituído como Dia Internacional do Trabalhador em 1889, em homenagem à luta dos trabalhadores assassinados pela polícia três anos antes em Chicago, Estados Unidos. A manifestação em que foram mortos fazia parte de um movimento grevista sem precedentes e que estava chacoalhando aquele país, em defesa da jornada de trabalho de oito horas e de melhores condições de trabalho.
A data é celebrada desde aquela época por trabalhadores e trabalhadoras de todo o mundo como marco e inspiração para as lutas contra a exploração do trabalho, para fortalecer a fraternidade e a solidariedade internacional da classe trabalhadora, para renovar o compromisso e atualizar o projeto de fortalecimento da democracia e de construção do socialismo.
Passados 134 anos das lutas operárias que deram origem ao Primeiro de Maio, incontáveis foram as lutas e muitas as conquistas dos trabalhadores e das trabalhadoras em relação aos direitos trabalhistas e sindicais, sociais e civis. No entanto, assistimos nas últimas décadas a uma ofensiva do capital em escala mundial contra o trabalho visando reduzir direitos, enfraquecer os sindicatos, intensificar a exploração do trabalho, precarizar as relações de trabalho e reduzir a proteção social.
No Brasil não tem sido diferente. O golpe que destituiu a presidenta Dilma colocou o poder nas mãos de uma coligação de forças políticas hegemonizadas pelo capital financeiro, subordinadas ao interesse das empresas multinacionais. Abriram mão da soberania nacional para viabilizar a implementação de políticas neoliberais de redução do papel do Estado, de destruição das políticas públicas e redução drástica dos direitos trabalhistas e sindicais, conquistados em décadas de luta. O governo Bolsonaro tem radicalizado essa política, além de favorecer a exploração predatória de nossos recursos naturais, o genocídio de populações indígenas e moradores das periferias, de não demonstrar nenhum apreço pela vida dos brasileiros, como tem demonstrado na crise gerada pela pandemia do coronavírus.
Esse cenário nos coloca diante do desafio de realizar um Primeiro de Maio diferente dos anteriores por serem as celebrações feitas de forma virtual. No entanto, elas deverão ter o mesmo vigor e expressar o mesmo compromisso histórico em relação aos interesses da classe trabalhadora. Deverá ser uma celebração classista e unitária em defesa da vida e da saúde, dos direitos trabalhistas e sociais e do emprego. Deverá ser também uma confraternização solidária e de luta em defesa da democracia e contra o governo aviltante de Bolsonaro.
Viva a classe trabalhadora!
Fora Bolsonaro!
Sergio Nobre, presidente nacional da CUT