No momento em que escrevemos esta nota, os caminhoneiros seguem se mobilizando por todo o país com apoio da população. A greve dos caminhoneiros mudou a conjuntura, colocou o governo nas cordas, e pelo apoio entusiástico do conjunto da população, colocou na ordem do dia a convocação de uma Greve Geral no país, que unifique as lutas em curso e suas reivindicações num movimento que pode sim impor uma derrota ao governo Temer e sua quadrilha.
No entanto, por inacreditável que pareça, vários setores da esquerda brasileira questionam o apoio à greve. “O que está por trás da greve?”, perguntam, numa insinuação/acusação de que se trata de “coisa da direita golpista”. Não há atitude que ajude mais a direita do que esta, frente a uma luta profundamente justa e progressiva.
O que está por trás da greve dos caminhoneiros é o desmonte e a privatização da Petrobrás, que vem do governo FHC, que os governos do PT deram continuidade, com os leilões dos campos do Pré-sal e a venda de ações e ativos da companhia, a política de desinvestimento e que continua e se aprofunda no governo da quadrilha chefiada por Temer com reajuste diário do preço dos combustíveis e do gás de cozinha.
A Petrobrás é administrada em obediência aos interesses dos investidores privados, nacionais e estrangeiros, que efetivamente mandam na companhia através da presidência de Pedro Parente. Querem é lucro, e alto. Só isso explica que, num país com a quantidade de petróleo e com a capacidade de refino que tem o Brasil, o preço do litro da gasolina e do diesel não está na casa dos centavos de reais. Só isso explica o botijão de gás de cozinha a 70 reais.
As reivindicações da organização que convocou a greve são absolutamente justas e legitimas (veja aqui). Em nome do ajuste fiscal e do pagamento da dívida pública, o governo ao mesmo tempo em que desonera os grandes empresários, carrega a maioria da população com impostos. Os altos preços dos combustíveis não se justificam, pois serve somente para que o governo siga pagando os juros da dívida com os impostos e engordando os acionistas privados da Petrobrás.
O sistema tributário brasileiro desonera os bancos, as grandes empresas e concentram os impostos nas costas dos trabalhadores, dos setores médios e consumidores. Quando um setor se levanta contra essa injustiça o que se tem de fazer é apoiá-lo e buscar generalizar, fortalecer esse movimento, ao invés de ficar fazendo promessas eleitoreiras de “reforma tributária”.
Exigimos a redução dos preços do gás de cozinha e dos combustíveis e mais, lutemos por uma Petrobrás 100% estatal e sob o controle dos trabalhadores, o fim imediato dos reajustes diários dos combustíveis, e a demissão de Pedro Parente, o presidente atual da Petrobrás, cujo único interesse é encher o bolso dos grandes acionistas descarregando nas costas da população.
Porque apoiar a greve dos caminhoneiros
Os caminhoneiros são uma categoria típica do setor médio da nossa sociedade, que é arruinada pela grande burguesia e seus governos em épocas de crise como a que vivemos. É evidente que os grandes empresários do setor tentam se aproveitar da situação e da luta para colocar as suas demandas. E que setores da ultradireita como os bolsonaros da vida tentam ganhar hegemonia sobre o movimento, capitalizar para seu projeto. Isso é luta de classes.
Cabe à classe trabalhadora e suas organizações disputar a hegemonia deste movimento, lutar para uni-lo às suas lutas criando as condições para uma greve geral que pare o país e reúna força para derrotar o governo. Apoiar as reivindicações dos caminhoneiros ao mesmo tempo que soma a elas as demais reivindicações da nossa classe – baixar o preço do gás de cozinha; redução da jornada de trabalho sem redução de salários, aumentos dos salários, revogação da reforma trabalhistas; contra as privatizações e a reforma da previdência; Fora Temer e sua quadrilha…
Só assim fechamos espaço para setores da ultradireita como Bolsonaro, pois as organizações da classe trabalhadora são muito mais fortes que o movimento patético que o apoia. Só assim impedimos que o movimento dos caminhoneiros seja dirigido pela grande burguesia e fazemos com que se some efetivamente ao enorme descontentamento que toma conta da classe trabalhadora brasileira neste momento, e seja uma mola propulsora da sua luta.
Todo apoio à greve dos caminhoneiros!
Unificar as lutas! Greve Geral já!
José Maria de Almeida, Zé Maria, é metalúrgico e presidente nacional do PSTU