PUBLICADO EM 14 de jun de 2023
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Por democracia e trabalho decente na Amazônia

Passo por essa coluna para relembrar um tema que já havia comentado em 2021 sobre a importância de uma aliança sindical mundial pela Amazônia . Naquele momento já urgia a necessidade de combater a extração de madeira ilegal e a precarização do trabalho na região. Já se apresentavam aspectos econômicos e sociais que mutilavam e continuam a mutilar a existência da fauna e flora amazônica, tão importantes para o povo brasileiro e fundamentalmente cruciais para a questão climática. Aspectos esses, vinculados a setores empresariais que não se limitam a solapar direitos trabalhistas e minar de forma predatória o meio ambiente, como também buscam solapar a democracia brasileira.

Recentemente tomamos conhecimento que empresários do setor madeireiro financiaram diretamente a tentativa de golpe de estado do dia 08 de janeiro de 2023, no Brasil. Empresários esses, também acusados de extrair madeira ilegalmente, burlando os mecanismos de certificação que impedem essa prática.

O trabalho duro e a riqueza produzidas pela floresta amazônica não podem estar a serviço da destruição da democracia e do meio ambiente. Não se pode permitir que a cadeia de valor da madeira e seus/uas trabalhadores/as sejam vinculados à depredação do patrimônio democrático brasileiro.

Não se pode permitir que aqueles que desmatam e se utilizam do extrativismo predatório na Amazônia fiquem impunes por seu comportamento de oposição sistemática às instituições democráticas e à soberania do voto. Diante desse quadro, expressamos nossa rotunda indignação contra aqueles que, além de expropriar ilegalmente a madeira da floresta amazônica, querem também expropriar a democracia e a soberania popular por meio do financiamento de grupos de extrema direita.

Mais uma vez, ressaltamos a importância do fortalecimento da Rede Sindical Amazônica. É preciso consolidar um grupo da região que seja capaz de compreender os mecanismos de certificação da madeira, especialmente vinculados ao Forest Stewardship Council (FSC) e o Programme of Endorsement for Forest Certification Schemes (PEFC), onde os trabalhadores possuem representação em suas câmaras sociais e podem monitorar aqueles que agem de forma predatória na região. Ao fazerem isso, os sindicatos contribuem para sufocar os investimentos de empresários que se beneficiam da extração de madeira ilegal em ações golpistas. Afinal, a luta por trabalho decente na Amazônia implica no fortalecimento direto da democracia.

Nilton Freitas é Especialista em Relações Internacionais, Representante Regional da Internacional de Trabalhadores da Construção e da Madeira (ICM) para América Latina e Caribe

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