Acabamos de ler em uma nota da coluna Radar da revista Veja que o ministro da Justiça Sérgio Moro “decidiu criar um grupo com integrantes do governo e de centrais sindicais para simplificar a concessão de vistos e atrair ‘mão de obra qualificada’ do exterior” para o Brasil.
Até agora não recebemos nenhum convite para participar deste grupo, mas desde já fica registrado aqui o nosso repúdio a esta proposta sem pé nem cabeça. Temos no País mais de 13 milhões de desempregados e outros milhões subutilizados e em situação de desalento, desanimados, com autoestima baixa e até adoecidos.
E, neste cenário de desolação, praticamente todos os dias a gente fica sabendo de empresas que estão com dificuldades, produzindo menos ou mesmo fechando suas portas, e de pessoas que foram demitidas, colocando suas famílias em risco social. Não é a toa que voltamos a ter índices de extrema pobreza e miséria no País.
Portanto, em vez de querer ficar “de bem com os gringos”, o governo deveria agir com seriedade para resolver o nosso grande problema social: o desemprego.
Devemos combater a crise econômica com a retomada dos investimentos nos setores produtivos e na indústria nacional e na qualificação profissional dos trabalhadores brasileiros, até mesmo para que possamos participar com conhecimento crítico das políticas de transição necessárias diante da indústria 4.0 e de outras mudanças tecnológicas que já estão entre nós e/ou se avizinham.
Excluir os trabalhadores brasileiros da capacitação profissional e privilegiar os estrangeiros já capacitados é um péssimo negócio. Nada temos contra os trabalhadores de outros países, mas priorizar os brasileiros e combater o desemprego deve ser o nosso objetivo número um. Isto sim é fazer Justiça!
Miguel Torres é presidente da Força Sindical, CNTM e Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes