No texto Por que torço para que Bolsonaro morra, publicado na página 2 do jornal Folha de São Paulo, dia 8 de julho, Hélio Schwartsman, membro do Conselho Editorial do jornal, defende, com base em uma pretensa argumentação “lógica”, fundamentada no que ele entendeu de uma corrente filosófica chamada Consequencialismo, a morte do presidente Jair Bolsonaro.
A notícia de que o presidente foi contaminado pelo coronavírus parece ter animado o jornalista a escrever este texto desastroso. Tão logo o resultado do exame de Bolsonaro foi divulgado por ele mesmo na CNN, começou a bombar nas redes sociais postagens em tom de humor com os dizeres “força covid”. Até aí nada que tenha ultrapassado os limites das guerras de memes e hashtags, nada muito sério, nada que apontasse para um plano de tomada de poder à la Brutus.
Neste contexto, entretanto, o jornalista falastrão, que da coragem e determinação de Brutus parece não compartilhar nada, sentiu-se à vontade para ir mais longe e defender seriamente, na página nobre do maior jornal do país, a morte do presidente eleito nos parâmetros da nossa democracia.
Seu artigo diz coisas como:
“O sacrifício de um indivíduo pode ser válido, se dele advier um bem maior”;
“A morte do presidente torna-se filosoficamente defensável, se estivermos seguros de que acarretará um número maior de vidas preservadas”;
“Numa chave um pouco mais especulativa, dá para argumentar que a morte, por Covid-19, do mais destacado líder mundial a negar a gravidade da pandemia serviria como um “cautionary tale” de alcance global”.
Eu também não estou satisfeita com o governo. A eleição de Bolsonaro em outubro de 2018, e a retumbante derrota da esquerda naquele pleito, me deixaram profundamente atordoada.
Mas não é por isso que vou sair por aí defendendo a morte de quem quer que seja. Precisamos lidar com nossas perdas e procurar melhorar. A democracia é um exercício de convivência social e política. São os ditadores que matam os adversários, não os democratas! E, é bom lembrar, não estamos atravessando nenhum processo revolucionário. Não há indícios disso.
O texto de Hélio Schwartsman não ajuda em nada o desenvolvimento e o aprimoramento da nossa democracia. Ele é um desserviço ao processo civilizatório. Tal radicalismo remete à agitadores infiltrados, do tipo Cabo Anselmo, que insuflou as bases, instigando e justificando a repressão que estava por vir.
Dito isso, fica a questão: qual é a democracia que a Folha defende?
Carolina Maria Ruy é jornalista e coordenadora do Centro de Memória Sindical
Carlos Pereira
Desejar morte de Bolsonaro é travar a luta com os métodos do adversário. Não costuma dar certo.
Rita De c v gava
Não podemos agir como extremistas
Só o que eu penso é o bom
É julgar as pessoas
Podemos lutar por justiça
Ter postura democratica
Postura filosófica
Mas ninguém é Deus