Na enxurrada de notícias ruins que nos assola a reunião ampliada do Brasil Metalúrgico realizada no dia 1º de fevereiro no Palácio do Trabalhador foi uma exceção.
Convocada com urgência pelo presidente da CNTM, Miguel Torres, a ela compareceram dirigentes de todas as grandes entidades metalúrgicas (centrais sindicais, confederações, federações e sindicatos) de todo o país e dirigentes representativos de outras categorias que fazem parte do complexo automotivo (químicos, plásticos, borracheiros, vidreiros e comerciários de concessionárias). Imperou a unidade de ação.
Mônica Veloso, também dirigente da CNTM, coordenou a participação pelos modernos meios eletrônicos à disposição de dirigentes metalúrgicos dos Estados Unidos, do Canadá e da Industriall (organização mundial dos industriários). A reunião foi, assim, internacional.
O assunto: a tentativa da GM de enfrentar suas crises descarregando sobre os trabalhadores os custos dela, com a flexibilização de direitos e chantageá-los perante as autoridades públicas com a ameaça de fechamento de fábricas, exigindo subsídios e também arrochar os fornecedores, impondo-lhes condições leoninas de contratos.
Foram repassados todos os encaminhamentos recentes da empresa desde sua estatização pelo governo dos Estados Unidos há dez anos para salvá-la, com apoio dos trabalhadores e sustentação dos contribuintes e seu descaso hoje por esta história, predominando o apetite rentista da empresa e – no caso brasileiro – sua tentativa de carona nos constrangimentos criados pela lei trabalhista celerada e pela conjuntura nacional.
O presidente do sindicato dos metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, fez em inglês o trocadilho que marcou a reunião: ao invés de General Motors devíamos dizer General Monsters.
As palavras de ordem mais determinantes foram a resistência e a unidade de ação, cujos efeitos já se fizeram sentir no mesmo dia da reunião com anúncio pela empresa de seu recuo nas pretensões flexibilizantes. O alerta teve o seu papel.
A assembleia internacional dos trabalhadores metalúrgicos (e das outras categorias representadas) deu um basta nas chantagens da GM e alertou as demais montadoras e os fabricantes para que não a copiem.
Foi aprovada a preparação de um ato internacional, em data a ser definida, nas fábricas da GM com a participação de todas as organizações metalúrgicas e a solidariedade ativa dos dirigentes de outras categorias envolvidas.
Nos corações e mentes de todos inscreveu-se o lema forte: é preciso lutar, é possível vencer.
João Guilherme Vargas Netto é consultor sindical