PUBLICADO EM 13 de maio de 2019
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Brasil não merece isso

Sábado, dia 4, a “Folha de S.Paulo” deu de manchete: “Indústria cai 1,3% e reforça desconfiança sobre crescimento”. E logo abaixo: “Pessimismo de investidores e consumidores desaquece mercado interno, que não compensa recuo em exportações”. Diz mais ainda o texto de primeira página: “Em relação a março de 2018, a queda é de 6,1%”.

Não quero fazer alarde do pessimismo, mas o fato é que as coisas vão mal no País. Vão mal e sem expectativa de melhoras no médio prazo.

Sábado, dia 4, a “Folha de S.Paulo” deu de manchete: “Indústria cai 1,3% e reforça desconfiança sobre crescimento”. E logo abaixo: “Pessimismo de investidores e consumidores desaquece mercado interno, que não compensa recuo em exportações”. Diz mais ainda o texto de primeira página: “Em relação a março de 2018, a queda é de 6,1%”.

A crise fez a tradicional Fecomercio pedir que os lojistas reforcem as promoções do Dia das Mães, uma data de forte movimento no comércio de rua, feiras e shopping centers. Os comerciantes esperavam vender 5% a mais em 2019. Agora, a expectativa cai pra 3%.

Nós, metalúrgicos, sentimos na pele o impacto da recessão prolongada e da insistência dos governos em aplicar o modelo neoliberal. Esse modelo não deu certo em lugar algum do mundo, já quebrou vários países e enfraqueceu o setor público de tal modo que o Estado ficou sem poder de investir e dinamizar setores do mercado.

Falo que sentimos na pele e é a dura realidade. A categoria vem sofrendo com o desemprego, a terceirização abusiva, a rotatividade crescente, o rebaixamento do padrão salarial e as dificuldades da ação sindical obter ganhos. Todo dia nossos diretores estão nas portas de fábrica, buscando pagamento de PLR (Participação nos Lucros e/ou Resultados).

Somos persistentes, mas não tem sido fácil avançar nesses acordos.

Um famoso escritor disse: – Pobre o país que em vez de produzir riquezas produz só ricos. É a pura verdade. A riqueza produzida pode ser distribuída entre a sociedade, gerando benefícios coletivos. Já a produção de ricos só gera mais concentração de renda e exclusão social. Portanto, a arma que esmaga a recessão é a distribuição de renda. Não à toa, a Alemanha possui a melhor estrutura salarial do mundo e, na média, é o país onde o povo tem o mais alto padrão de vida.

Sexta (3) à noite, falei durante a comemoração dos 56 anos do nosso Sindicato. Lembrei de grandes lutas que fizemos contra o arrocho, por aumento salarial, pela PLR, dos acordos para fornecimento de café da manhã, refeição nas fábricas e condução para os trabalhadores e das ações cidadãs que resultaram em melhorias urbanas. Reforcei que o Brasil precisa crescer, com emprego e renda. E adverti que o caminho atual do governo só agrava os problemas.

As reformas que podem melhorar a vida das pessoas e gerar emprego eles não fazem, mais querem tirar dos pobres para ajudar os ricos com a reforma da Previdência Social. O caminho seria fazer a reforma política, fiscal e tributária.
Além da economia, o governo vai mal na política, com briga entre seus integrantes e apoiadores; agressões absurdas pelas redes sociais; e corte de verbas na Educação. Que investidor vai querer aplicar aqui seu dinheiro? Só se for o rentista, pra ganhar com a especulação e asfixiar o setor produtivo.

José Pereira dos Santos é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região

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