Há exatos 50 anos,1de novembro de 1970,o então bispo auxiliar da região norte da cidade e que tinha como lema episcopal ” De Esperança em Esperança ” assumia o pastoreio da maior Arquidiocese Católica do mundo.
Dom Paulo revolucionou a Igreja de São Paulo. Como ?
Incentivando a participação efetiva de leigos, presbíteros e religiosos nas decisões e na execução das atividades pastorais.
Promovendo uma ação pastoral encarnada na realidade do povo, eram muitos pés, mãos, mentes e corações à serviço de Deus e de seu povo, sobretudo, dos que mais precisavam quando mais precisavam.
Ressaltando a vida como valor absoluto e principal dom de Deus, tornou – se um defensor incansável deste direito inalienável de toda pessoa humana, mas principalmente de uma vida plena em dignidade, já que este foi o objetivo de Jesus : ” Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância “.
Escutando o clamor do povo e sendo a voz dos que não tem voz nem vez, o profeta não se cala diante da injustiça e nunca hesitou em arriscar a própria vida por seu povo, ” o pastor não abandona as ovelhas quando ameaçadas “.
Estimulando a criação das CEBs, onde as pessoas possam se conhecer, valorizar – se, refletir e programar ações comunitárias, serem fermento na sociedade e sujeitos de sua própria história. Vale lembrar que em 1973,ele vende o Palácio Episcopal e com o valor arrecadado constrói 1200 centros comunitários por toda cidade, era a “Operação Periferia “.
Priorizando incessantemente as Pastorais Sociais, inclusive a própria Pastoral Operária que também completa 50 anos, ressaltando sempre a importância destas.
A ação de dom Paulo foi fundamental no enfrentamento à Ditadura Militar mas também na luta pela restauração das liberdades democráticas, porém, com a redemocratização em curso ele continuou a alertar que a volta da democracia política estava longe de representar uma democracia social, e que a luta pelos direitos humanos precisava ser difundida e aprofundada nos mais diversos campos da vida social brasileira.
Certa vez ao ser questionado sobre o que são os Direitos Humanos dom Evaristo os definiu simplesmente com a palavra Solidariedade. O cardeal Arns conhece bem o significado dessa palavra , já que o seu irmão no episcopado que nos deixou recentemente Pedro Casaldaliga, ele é o Patriarca da Solidariedade na Grande Pátria Latino Americana.
Passados 50 vivemos uma conjuntura desafiadora , os ataques à Democracia, aos Direitos Humanos e aos Direitos Trabalhistas e Previdenciários duramente conquistados durante décadas.
Mas lembrar dom Paulo Evaristo Arns não significa simplesmente fazer um resgate histórico, é necessário que tenhamos sempre como referência seus ensinamentos, e que estejamos dispostos à renovar o nosso compromisso com as suas lutas, que as suas causas sejam sempre as nossas causas.
Em diversas ocasiões, o cardeal Arns declarou : ” Somos herdeiros do testemunho das gerações que nos precederam e, sobre seus esforços , continuamos a construir , humilde e generosamente o Reino da justiça, da verdade e da paz “.
Viva dom Paulo !!!
Paulo Cesar Pedrini , historiador e educador, coordenador da Pastoral Operária Metropolitana de São Paulo