Mais de 300 pessoas morreram em consequência do crime ambiental cometido pela Vale em Brumadinho (MG). Em novembro de 2015 ocorreu a ruptura de outra barragem da empresa, também em um município mineiro, Mariana, que fez 19 vítimas fatais, isto é contando só seres humanos. A destruição da flora e da fauna foi aterrodora e deu lugar a surtos de febre amarela, dengue e outras doenças.
É curioso notar que quando a Companhia Vale do Rio Doce, seu antigo nome, era patrimônio público, antes de ser privatizada na bacia das almas pelo tucano Fernando Henrique Cardoso (em 1997), o Brasil nunca teve problemas maiores com barragens. Os dois crimes ambientais aconteceram depois que ela foi entregue aos capitalistas pela bagalela de R$ 3,3 bilhões. Um negócio de pai para filho. Hoje, seus felizes proprietários embolsam lucros superiores a R$ 5 bilhões por trimestre e entre as formas de aumentar os lucros (arte em que os capitalistas são especialistas) está a economia com a segurança, a construção de barragens potencialmente perigosas, o descaso com a fiscalização e atestados falsos ou forçados de estabilidade.
Ninguém pagou pelo crime de Mariana e a impunidade fornece a explicação para a reincidência em Brumadinho. Desta vez o impacto humano foi muito maior. Mas, por maior que tenha sido a repercussão, é ainda provável que a impunidade continue prevalecendo, especialmente para os grandes acionistas.
A tragédia em Mariana e Brumadinho é uma prova viva, ardente e amarga, de que a privatização mata. Ela continua sendo apresentada pelo atual governo, que quer radicalizar o projeto neoliberal implementado pelos tucanos e os golpistas de 2016, como um remédio para o desarranjo fiscal e a anemia econômica. Esta é também a receita da mídia burguesa, que no momento empenha-se em dourar a pílula venenosa da privatização do sistema previdenciário, que será mais uma dádiva para os banqueiros.
O discurso do governo e da mídia burguesa é falso, enganador. A vida já nos ensinou que a privatização serve exclusivamente aos interesses privados dos capitalistas, é contraprudente para o desenvolvimento nacional e lesiva à soberania, à classe trabalhadora e ao povo brasileiro. O saldo real das privatizações no Brasil é trágico, ao contrário do que faz crer a propaganda burguesa neoliberal.
Adilson Araújo é presidente nacional da CTB