PUBLICADO EM 26 de jan de 2019
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Centrais sindicais manifestam pesar e solidariedade com relação à tragédia de Brumadinho

“Quantos ainda precisam morrer para que a sociedade se comova e a justiça intervenha nos grupos econômicos que exploram as nossas riquezas e só deixam misérias e desgraças para o nosso povo?”, questiona o presidente da Força Sindical, Miguel Torres. A Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) repudiou veementemente mais um crime contra o povo brasileiro e o meio ambiente cometido pela Vale.

 

Após o rompimento da Barragem da Vale, em Brumadinho, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais, na tarde desta sexta-feira (25), e ter causado uma avalanche de lama e rejeitos de minério de ferro para a comunidade da Vila Ferteco, área rural do município,as centrais sindicais emitiram nota protestando e solidarizando-se com a população.

A Força Sindical emitiu nota alertando que está tragédia revela novamente que prevalecem no País a ganância empresarial, a impunidade e o descaso dos governantes que deveriam mas não zelam pela vida, pela segurança dos trabalhadores e das comunidades e pelo meio-ambiente.

“Quantos ainda precisam morrer para que a sociedade se comova e a justiça intervenha nos grupos econômicos que exploram as nossas riquezas e só deixam misérias e desgraças para o nosso povo?”, questiona o presidente da Força Sindical, Miguel Torres.

José Calixto Ramos, presidente presidente da Nova Central Sindical de Trablhadores (NCST), cobra das autoridades soluções permanentes para que tragédias dessas dimensões não se repitam.

“Nos deparamos, atônitos e indignados, com mais um episódio de negligência por parte da mineradora e também do Estado Brasileiro na fiscalização desse tipo de atividade”, disse em nota  Antonio Neto, presidente da  Central de Sindicatos Brasileiros (CSB)

“Que as famílias que tiveram vidas ceifadas por essa irresponsabilidade e ganância da empresa responsável pela mineração sejam consequentemente acolhidas”, diz a presidenta da CTB (Central de Trabalhadores e Trabalhadoras)-MG, Valéria Morato.

Confira a íntegra dos textos:


Nota da Força Sindical

Mais uma tragédia anunciada
O rompimento das barragens da Vale em Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte, revela-nos novamente que prevalecem no País a ganância empresarial, a impunidade e o descaso dos governantes que deveriam mas não zelam pela vida, pela segurança dos trabalhadores e das comunidades e pelo meio-ambiente.
Quantos ainda precisam morrer para que a sociedade se comova e a justiça intervenha nos grupos econômicos que exploram as nossas riquezas e só deixam misérias e desgraças para o nosso povo?
Minas Gerais serve de feudo para estes grupos, com diversas cidades totalmente dependentes destas empresas exploradoras de minério, sem investimentos em outros segmentos produtivos que garantam uma vida digna, próspera e segura para todos.
Há mais de três anos, quando ocorreu a tragédia da Samarco na região de Mariana, estivemos na região, juntamente com o Fórum de Saúde de Minas Gerais, para levar nossa solidariedade, repudiar a negligência e exigir soluções que até hoje não foram colocadas em prática devidamente.
Vale lembrar que a Samarco, mesmo com conhecimento sobre as infiltrações nos túneis de passagem e as rachaduras na barragem, manteve a produção e não fez os ajustes necessários. Depois do ocorrido, os diretores da empresa chegaram a falar em “fatalidade”, para ficarem isentos de responsabilidade perante a “tragédia” anunciada.
Aliás, desde esta época, tornou-se público que muitas outras barragens, só em Minas Gerais, estavam em situação precária, inclusive esta da mina da Vale em Brumadinho (em fiscalização do hoje extinto Ministério do Trabalho).
Fica aqui registrado novamente o nosso protesto, o repúdio à ganância empresarial e ao descaso das autoridades “competentes”.
E, ao contrário do que costumam dizer o presidente Jair Bolsonaro e membros do governo, consideramos essencial e urgente o fortalecimento das entidades fiscalizadoras, dos movimentos e ativismos ambientais e das lutas do movimento sindical em defesa dos direitos da classe trabalhadora e da saúde e segurança dos trabalhadores e da vida.
A população brasileira não pode mais ser conivente e aceitar passivamente que este tipo de tragédia, que poderia sim ser evitada, continue ocorrendo em nosso País sem a devida punição aos responsáveis.
Enviamos, enfim, nossa solidariedade às famílias das vítimas de Brumadinho, às comunidades e aos trabalhadores da Vale, na esperança que a terrível dor deste momento seja brevemente minimizada e que a vida siga em frente e a justiça prevaleça!
Miguel Torres é presidente da Força Sindical, CNTM e Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes
Arnaldo Gonçalves é secretário de Saúde e Segurança do Trabalhador da Força Sindical 
Luís Carlos de Oliveira (Luisinho) é secretário-adjunto de Saúde e Segurança do Trabalhador da Força Sindical e diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes responsável pelo Departamento de Saúde do Trabalhador

Confira a nota da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST)

Companheiros e companheiras,

É com grande pesar que tomamos conhecimento da fatídica tragédia que acometeu milhares de famílias, nesta sexta-feira (25), no Município de Brumadinho/MG. Consideramos inconcebível que uma nova tragédia de proporções incalculáveis possa se repetir após o ocorrido em Mariana/MG, em novembro de 2015. A repetição inexplicável desse erro trágico, em um intervalo de apenas três anos, coloca em xeque incontáveis argumentos favoráveis à privatização que, antes, ao longo de muitos anos sob controle estatal, jamais passou por circunstâncias do tipo.

A Nova Central Sindical de Trabalhadores – NCST e a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria – CNTI, se solidarizam com todos os habitantes de Brumadinho que, diante da negligência de quem deveria zelar pela sustentabilidade e segurança de um sistema que já se demonstrou vulnerável, hoje chora perda a de familiares e do patrimônio familiar acumulado ao longo de muitos anos de trabalho e sacrifícios financeiros.

Exigimos das autoridades providências que, de fato, intimidem a repetição de situações semelhantes. A impunidade financeira e penal, na nossa avaliação, serve como prêmio para que tragédias similares se repitam. Precisamos criar instrumentos eficazes que inibam a sucessão inexplicável de erros grotescos, que resultam em mortes, prejuízos econômicos e patrimoniais.

Aguardamos respostas rápidas e eficazes às necessidades e expectativas das milhares de famílias desoladas pelo ocorrido.

José Calixto Ramos
Presidente da NCST e da CNTI

 

Leia íntegra da Nota da CTB Minas

A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil em Minas Gerais (CTB) vem a público se solidarizar com as famílias dos trabalhadores que perderam a vida em mais um grave crime ambiental cometido pela mineradora Vale. Até o momento, três pessoas morreram e outras 200 estão desaparecidas.

Que as famílias que tiveram vidas ceifadas por essa irresponsabilidade e ganância da empresa responsável pela mineração sejam consequentemente acolhidas.

A rompimento da barragem da empresa ocorreu na cidade de Brumadinho – município localizado na Região Metropolitana de Belo Horizonte – três anos após o rompimento de outra barragem da Vale na cidade de Mariana. Na ocasião, 19 pessoas morreram.

25 de janeiro de 2019

Valéria Morato
Presidenta da CTB Minas

 

Confira a íntegra a Nota da CSB

A Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) repudia veementemente mais um crime contra o povo brasileiro e o meio ambiente cometido pela Vale.

A rompimento das duas barragens da companhia na comunidade do Córrego do Feijão, em Brumadinho, é novamente uma tragédia anunciada.

Primeiro, em 2015, o rompimento da barragem da Samarco, controlada pela Vale, em Mariana, até agora sem uma punição efetiva aos responsáveis nem o auxílio às vítimas e a reconstrução de suas casas.

Agora, apesar da quantidade menor de rejeitos, a catástrofe em Brumadinho já matou 9 pessoas e há mais de 350 desaparecidas segundo o corpo de bombeiros. A própria Vale, em seu site, divulgou o número de 413 pessoas com as quais a empresa não consegue contato e que estavam no local da tragédia.

Assim como o desastre em Mariana acabou com a vida de 19 pessoas e milhares de espécies de animais, das águas e da vegetação presentes na Bacia do Rio Doce, o episódio em Brumadinho ameaça o Rio Paraopeba, um dos principais afluentes do Rio São Francisco. Mais uma desgraça sem precedentes.

Nos deparamos, atônitos e indignados, com mais um episódio de negligência por parte da mineradora e também do Estado Brasileiro na fiscalização desse tipo de atividade. As autoridades do País são igualmente responsáveis por mais este crime, por sua omissão em fiscalizar as instalações das empresas para prevenir acontecimentos desse tipo, além de aplicar multas pesadas pela falta de prevenção. Além da ausência de um programa de prevenção de acontecimentos desse tipo, a Vale comete outro criminoso ato de violação de direitos sociais e ambientas num País já massacrado pelos interesses duvidosos do capital.

A quantia de R$ 1 bilhão bloqueada da conta da mineradora para as devidas indenizações pode ser justa num primeiro momento, mas ao nos depararmos com centenas de vidas que provavelmente se foram e os danos ambientais causados, não há moeda ou valor no mundo capaz de trazer de volta tudo o que a lama levou.

A sociedade brasileira cobra das autoridades do País uma verdadeira solução para que Mariana e Brumadinho não sejam apenas mais um episódio do descaso nosso de cada dia.

Não foi acidente! Foi um crime!

Antonio Neto
Presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros

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