Um coletivo de artistas uniu suas forças para apresentar um possível desenho de programação e assim, atrair a atenção de patrocinadores para a importância de se investir em iniciativas como a Mostra de Teatro de Objetos – Poéticas do Feminino.
Por Marcos Aurélio Ruy
Com uma programação extensa, a mostra começa nesta sexta-feira (6) e termina na segunda-feira (23), sempre a noite. As peças, os workshops e os debates acontecem na SP Escola de Teatro (Praça Franklin Roosevelt, 2010, Consolação, São Paulo). Com organização colaborativa entre os coletivos Clã – Estúdio das Artes Cômicas, Histórias e Objetos, Grupo Caleidoscópio e a atriz Liz Moura.
Saiba sobre a mostra
São convidados para as palestras Cida Almeida, João Bresser, Kelly Orais e Liz Moura. A maioria dos espetáculos custam R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia). “Esta mostra é um projeto-piloto que pretendemos ampliar para outros formatos e outros temas”, diz Lilian Guerra, atriz e curadora do evento. “Este das poéticas femininas foi escolhido porque tanto o conteúdo como a produção dos espetáculos têm uma voz predominantemente feminina”.
De acordo com ela, a única exceção é a peça Do Jeito Certo, cujo tema “é sobre o amor, com um homem repesando as questões tóxicas da masculinidade e como ela se configura em nossa sociedade machista e patriarcal”, conta Lilian. Com esse tema também se enquadra no universo da temática feminina, porque tratar da trajetória de opressão masculina, não deixa de ser interessantes para as mulheres.
O principal objetivo da mostra, conta Lilian, “é difundir a linguagem do teatro de objetos para ampliar os repertórios estéticos e por meio de várias vozes colocar em pauta questões femininas e do feminino que sofre tantas ameaças nos dias de hoje”.
Por isso, “julgamos importante promover iniciativas que trazem em seu bojo novos campos expressivos e culturas de tolerância e respeito, principalmente nestes tempos sombrios”, garante Lilian.
“Todo o movimento cultural voltado para este tema do mês de março é importante, pois temos que sempre relembrar que não é um mês de ser gentil com as mulheres, mas um mês de atividades a fim de ‘polinizar’ ideias de equidade entre os gêneros no tocante aos direitos civis”, conclui.
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“A matéria prima do teatro é criar narrativas que possam alimentar a subjetividade humana com o que ela tem de melhor e assim criar possibilidades dentro da ficção de enxergar o outro e o mundo mais profícuos quanto à solidariedade”, acentua Lilian. “Nada melhor do que a arte para provocar empatia e reflexão. Tudo o que precisamos hoje”.
Confira a programação abaixo:
Às quartas-feiras – às 19h30 – entrada franca (lotação 60 lugares)
Dia 4 – Aula Espetáculo sobre a linguagem do teatro de objetos – com a atriz Lilian Guerra
Dia 11 – Mesa redonda – Processos de criação no teatro de objetos – mediação Lilian Guerra com Cida Almeida, Kelly Orasi, João Bresser e Liz Moura
Dias 6 a 9 – Mulheres – grupo Histórias e Objetos –
Idealização e interpretação – Kelly Orasi e Lilian Guerra, com direção de Sandra Vargas
Livremente inspirado no livro de Clarissa Pinkola Estés “Mulheres que correm com os lobos”
Sexta e segunda-feira às 21h – Sábado e domingo às 19h.
Em cena duas mulheres, objetos do ritual cotidiano feminino e um acordo íntimo com a plateia. Está formado o tempo e o espaço para se ouvir e contar histórias imemoráveis, guardadas pelas tradições orais, sobre os mitos e arquétipos da mulher selvagem. Por meio de quatro populares: O Barba Azul, A Mulher Esqueleto, A donzela sem mãos e La loba, as personagens narram a trajetória feminina da perda da inocência até o amadurecimento.
Dias 13 a 16 – Museu das Pequenas Coisas – Clã Estúdio das Artes Cômicas
Idealização e interpretação de Lilian Guerra; com direção e dramaturgia de Cida Almeida
Sexta e segunda-feira às 21h – Sábado e domingo às 19h
A obra narra à história de uma mulher que foge de um estado de guerra, na beira de um cais ela espera um barco que lhe levará do local de conflito para um “horizonte promissor”. Ela traz consigo uma pesada mala baú com os seus objetos/memórias que compõem sua vida. No cais, diante da expectativa do porvir, ela retira da mala seus pertences e escolherá um a um, quais deixará para trás.
Work In Progress – Espetáculos que estão em processo se apresentarão para posterior diálogo com a plateia.
Ingresso único: R$ 15
Dias 20 e 21 – Do Jeito Certo um Ato sobre o Amor – Grupo Caleidoscópio – idealização e interpretação João Bresser – dramaturgia de Renato Mendes – direção de Lilian Guerra
Sexta-feira e sábado as 21h
Um homem está preparando uma refeição com utensílios de cozinha e muitas frutas, enquanto espera a chegada de uma pessoa. Com muita sutileza, o texto e a utilização dos objetos criam metáforas entre as receitas e as experiências afetivas do personagem submersas no mundo contemporâneo onde o amor é líquido. A cada receita ele faz uma reflexão sobre a construção do sujeito masculino e que todos consideram “do jeito certo” a ele se revela questionável.
Dias 22 e 23 – A Pequena Costureira – idealização e interpretação de Liz Moura, sob orientação de Sandra Vargas
Domingo às 19h e segunda-feira às 21h
Em seu ateliê uma costureira ao contar a história de um vestido de baile que nunca foi ao baile, junta as suas memórias afetivas para criar um universo mágico onde seus objetos de costura expressam os seus mais íntimos sentimentos. Ela vai nos revelando com o manusear os objetos seus desejos e sonhos, construindo a percepção sobre si mesma.