Por Osvaldo Bertolino
Augusto deixa a vida aos 59 anos de idade. Foi um dedicado historiador e pesquisador, membro do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e da diretoria da Fundação Maurício Grabois.
Após um longo tratamento de um linfoma no intestino, na cidade de Campinas, São Paulo, não resistiu ao tratamento. Depois de passar pelo procedimento de quimioterapia, Augusto se internou para fazer auto-transplante de medula. Um infecção na fase de baixa imunidade levou ao agravamento do seu estado geral de saúde e ao falecimento.
Militante do PCdoB desde o final dos anos 1970, era historiador formado pela Universidade de Campinas (Unicamp), onde atuou no movimento sindical.
Conheci Augusto nos anos 1980, como colaborar da revista Debate Sindical, dirigida por Altamiro Borges. Augusto foi membro do seu Conselho Editorial deste o início. Participei de entrevistas com ele, sempre atento aos detalhes e colaborativo.
Aqui um artigo que escrevi sobre o seu olhar para uma importante obra marxista:
Marxismo sem a sua alma não é marxismo
Considero a coletânea intitulada “Marx como pensador”, com textos do intelectual alemão Rolf Hecker, que veio ao Brasil para divulgar a monumental obra de publicação dos trabalhos originais de Karl Marx e Friedrich Engels, conhecida como Mega-2, dessas obras básicas para se compreender o marxismo. São oito artigos que discorrem sobre o Marx crítico da economia, o Marx filósofo, o Marx historiador, o Marx jornalista, o Marx político, o Marx das ciências naturais, sobre o “problema Marx-Engels”, sobre a história das edições das obras dos pensadores alemães, sobre os monumentos de Marx na Europa e sobre o que se sabe de Marx.
Na apresentação, o historiador Augusto Buonicore dá uma pitada do que vem em seguida, lembrando as mortes e ressurreições do marxismo. “A cada vez que uma crise assola o sistema — e os povos sentem na carne suas conseqüências nefastas e se rebelam —, a figura de Karl Marx se revigora”, escreveu. E acrescenta: “Afinal, não foi ele quem descobriu os mecanismos ocultos das crises do capitalismo e deu pistas para a sua superação? Contudo, parece que a necessidade de conhecer mais e melhor as obras marxistas não se reduziu, desta vez, às principais vítimas do capital: os trabalhadores.”
Buonicore esclarece que o texto do professor Rolf Hecker que a Fundação Maurício Grabois disponibiliza é resultado de uma conferência realizada em meio às atividades alusivas aos 125 anos da morte de Marx, em 2008. Seu objetivo era “analisar como mudaram nossas representações sobre Marx e sua obra nos últimos 15 anos”. Segundo o historiador, que também é secretário-geral da Fundação Maurício Grabois e presidente do Centro de Documentação e Memória (CDM) dessa instituição, Rolf Hecker é um profundo conhecedor das obras de Marx e Engels, especialmente das virtudes e vicissitudes de suas edições.
Nos textos, Hecker passeia pela história das obras dessas personalidades antológicas, especialmente de Marx. Ele relata um acontecimento que simboliza como poucos a grandeza desse pensador original. Segundo o professor, todos os anos milhares de pessoas visitam o túmulo de Marx no cemitério Highgate, em Londres. Em 11 de novembro de 2007, o jornalFrankfurt Allgemeine Sonntagszitung publicou que “Marx é um grande pensador, uma personalidade da história mundial, e merece respeito”. A “Casa de Karl Marx” em Trier, Alemanha — o único museu especial dedicado a Marx no mundo, e que recebeu em 2010 a visita de 40.233 turistas, entre os quais mais de dez mil provenientes da China —, escreve Hecker, foi reaberta em 9 de junho de 2005.
A alma do marxismo
Mais do que o museu, as obras de Marx são visitadas em todas as partes para se compreender o que se passa atualmente, confirmando as palavras de Engels em seu funeral, segundo as quais o nome e a obra do mais famoso pensador alemão atravessaria os séculos. Seu pensamento enfrentou e venceu diferentes fixações fanáticas. Quando não vencem pelos ataques, contudo, apelam para a indiferença em relação à sua alma — a dialética, na definição de Wladimir Lênin. A dificuldade está em procurar compreender o marxismo com espírito científico, isento de paixões e sem a carga irracional de ódio, herdada em boa parte de preconceitos incutidos por anos de anticomunismo.
Mesmo quando ele não é excluído da categoria de fenômeno social — o marxismo é ensinado até nas universidades norte-americanas —, procuram a todo custo destituí-lo de sua alma. É assim que os espíritos se fecham ao seu conhecimento, possivelmente com medo de a ele se converter. Para compreendê-lo, é preciso compreender a sua essência revolucionária. Trocando em miúdos: para compreender a realidade, é preciso pensar a realidade. Pensar é apreender os fatos pelo pensamento e compreendê-los como processo em contradição — a mola do movimento real das coisas. Logo, se a realidade é dialética e se pensar é apreender a realidade, pensar é apreender dialeticamente os fatos.
Exercício revigorante
O marxismo, independente do que dizem dele os já decrépitos “novos filósofos”, não pode evidentemente ser resumido a um modelo. Os bolcheviques de “têmpera especial” partiram a história em duas, abalaram o mundo, romperam pela primeira vez a estrutura e a lógica do capitalismo e do imperialismo — tomaram o céu de assalto, como dizia o próprio Marx sobre os revolucionários da Comuna de Paris, de 1871 —, mas foram marxistas do seu tempo. O desenvolvimento histórico obriga os marxistas a uma nova perspectiva revolucionária, adequada ao tempo e às condições concretas de cada lugar, de cada realidade.
Nessa constatação está a alma do marxismo, capaz de uma atitude crítica diante de fórmulas tradicionais petrificadas. A conclusão que pode ser extraída é que a sua força não depende dos males elementares do capitalismo. Nem da idéia de um único movimento comunista mundial que, num certo período, atrofiou o pensamento marxista. O marxismo é um método científico. E, nas ciências, a discussão — entre pessoas que sustentam pontos de vista divergentes sobre bases científicas — é o único caminho permanente de progresso. Marx como pensador ensina isso. A leitura dos textos do professor Hecker é o exercício revigorante do qual fala Augusto Buonicore na apresentação do livreto.
Assista aqui palestra onde Augusto Buonicore compara os golpes no Brasil
Osvaldo Bertolino é jornalista
Fonte: O outro lado da notícia
martha aulete hirsch
O Brasil está em perigo.
Na cultura e na arte. Só feiúra. Nada da alta literatura nas escolas. No tempo e no espaço. Breguices e baranguices da religião cujo nome é PT.
O PT é barango.
O PT é o Kitsch político.
E os ditos supostos intelectuais (ditos por seus pares) como João Cezar de Castro Rocha apoia aPedeuTa bandido. A saber: O mula.
Eis aí a esquerdalha brasileira apoiadora da cultura de massas petista.
Está ela morrendo de raiva da tradição e do bom senso… No Brasil todo…
E, igualmente, está querendo impor o mau gosto geral, ou seja: a cultura de massa, via ministério da cultura. Nas TVs. Nas músicas ruins. No teatro etc.
E, também, por outro lado, impor à população todo tipo de rebaixamento cultural e educacional. O PT nivela a arte e a cultura por baixo. A favor de tudo que é baranguice.
O PT é o Kitsch político do Brasil.
O mula é um aPedeuTa.
Sempre aquele papinho furadérrimo do esquerdismo…
Como tudo irá ficar? Eis a dúvida.
Jornalista Branca Ferrari
Lamento profundamente a morte do Buonicore e envio aos seus familiares, esposa, companheiros de partido meus sentidos pêsames. Buonicore foi nos últimos anos meu contato privilegiado com PCdoB-São Paulo. Trocamos idéias e informações sobre a política nacional, o partido e seus sempre oportunos artigos sobre marxismo-leninismo. Sua ausência será muito sentida.