Promovida pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), 109ª Conferência Internacional do Trabalho que se realiza, em Genebra, na Suíça, reúne representantes de Governos, organizações de empresários e trabalhadores. No evento o Papa Francisco falou sobre a situação dos trabalhadores, da mulheres, e sobre a necessidade de políticas públicas para população vulnerável no contexto pós pandemia. Disse que “aderir a um sindicato é um direito” e que é necessária “uma profunda reforma da economia” e um trabalho “realmente e essencialmente humano”, porque o atual para muitos trabalhadores diaristas, migrantes e trabalhadores precários e sobretudo para muitas mulheres, começando pelas empregadas domésticas, cuidadoras e vendedoras ambulantes, é “perigoso, sujo e degradante”.
O Pontífice clamou à Igreja e os governantes a darem uma resposta incisiva àqueles que se encontram “à margem do mundo do trabalho”, esmagados pelas consequências dramáticas da Covid-19:
“Muitos migrantes e trabalhadores vulneráveis e suas famílias são geralmente excluídos do acesso a programas nacionais de promoção da saúde, prevenção de doenças, tratamento e assistência, bem como dos planos de proteção financeira e serviços psicossociais.”
Ele também destacou a situação das mulheres em situações de vulnerabilidade
“Sem creches acessíveis, os filhos dessas trabalhadoras estão expostos a um risco maior à saúde porque as mães devem levá-los para o local de trabalho ou deixá-los em casa sozinhos. É necessário assegurar que a assistência social chegue à economia informal e preste especial atenção às necessidades particulares das mulheres e meninas”, insiste Francisco.
Lembrando a crise de Wall Street e a Grande Depressão, em 1931, quando Pio XI falou contra a assimetria entre trabalhadores e empresários, Francisco também pediu proteção para os trabalhadores “do jogo da desregulamentação”. Ele espera que as normas jurídicas sejam orientadas “para o crescimento do emprego, do trabalho digno e dos direitos e deveres da pessoa humana”.
No final de sua mensagem em vídeo para a Conferência, Papa Francisco se dirigiu a cada um dos “atores institucionalizados do mundo do trabalho” que poderiam favorecer as mudanças já em andamento: “A sua responsabilidade é grande, mas o bem que você pode alcançar é ainda maior”. Em seguida falou aos políticos e governantes, pedindo-lhes que se inspirem “naquela forma de amor que é a caridade política”; aos sindicalistas e líderes de associações de trabalhadores, advertindo-os contra a corrupção e exortando-os “a não se deixarem fechar numa camisa de força”, mas “a se concentrarem nas situações concretas dos bairros e comunidades em que trabalham”. E, por fim, aos empresários que têm a vocação de “produzir riqueza a serviço de todos” através da criação de oportunidades de trabalho diversificadas. A eles, o Pontífice lembrou, como já mencionado na Encíclica Fratelli Tutti, que “junto com o direito da propriedade privada, existe o direito prioritário e precedente da subordinação de toda propriedade privada ao destino universal dos bens da terra e, portanto, o direito de todos ao seu uso”. A propriedade privada, reitera o Papa, “é um direito secundário”, dependente do “direito primário, que é o destino universal dos bens”.
Assista aqui a mensagem do Papa Francisco: