PUBLICADO EM 07 de maio de 2021
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Jacarezinho: centrais repudiam massacre e exigem punição aos responsáveis

As duas maiores centrais sindicais de trabalhadores do Brasil, Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical divulgaram notas fazendo duras críticas a ação da Polícia Civil que resultou na morte de 25 pessoas na Favela do Jacarezinho, nesta quinta, 6 de maio.

A polícia alega que todos os 24 eram criminosos, mas não revelou as identidades ou as circunstâncias em que foram mortos, apenas divulgou que o policial que faleceu era André Leonardo de Mello Frias, da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod).

A direção executiva da CUT repudiou os 25 assassinatos no Jacarezinho, que somam-se aos mais de 420 mil assassinatos causados não só pela pandemia do novo coronavírus, mas também pelo mesmo desgoverno de Jair Bolsonaro. “O Estado Brasileiro, que se omitiu no combate ao vírus, estimula a violência e o descarte de seres humanos”, destaca o texto.

A direção da CUT exigiu uma séria investigação para que os responsáveis por este crime hediondo sejam severamente punidos.

Miguel Torres, presidente da Força Sindical, classificou como um verdadeiro “massacre” e destacou que a ação passou por cima da determinação do STF que suspendeu operações policiais em favelas do estado durante a pandemia. “Nosso povo não merece isto. Nosso povo merece viver em paz, com emprego, renda digna, educação, oportunidades iguais e justiça social”, concluiu o sindicalista.

Ricardo Patah, presidente daUGT afirmou em nota que “Acreditamos que um crime não justifica outro, pois o Brasil, como sociedade, tem suas leis e suas normas para coibir e repreender qualquer tipo de desvio de conduta existente na sociedade civil.”

Ação mais letal do Rio

Um levantamento feito pelo G1 com dados do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni) da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da plataforma Fogo Cruzado aponta que a operação de hoje é a mais letal da história do Rio de Janeiro.

Para o sociólogo Daniel Hirata, do Geni/UFF, a operação é inaceitável e mais grave do que chacinas como a de Baixada Fluminense, em 2005, ou a de Vigário Geral, em 1993. Leia mais aqui.

Confira a íntegra das nota da Força Sindical:

Ação da polícia no Jacarezinho foi massacre

Nada justifica a ação da Polícia Civil que resultou na morte de 25 pessoas na Favela do Jacarezinho, nesta quinta, 6 de maio de 2021, nem o hipócrita chavão de que era a serviço da “sociedade de bem”.

O que fizeram não é segurança pública. É massacre! O pior da história em uma favela carioca. E passando por cima da determinação do STF que suspendeu operações policiais em favelas do estado durante a pandemia.

A pretexto de se combater crimes e/ou tirar crianças e adolescentes do tráfico, a força policial repete os erros de sempre: age sem nenhuma inteligência, com desrespeito, violência e autoritarismo pra cima de uma população pobre e trabalhadora.

Nosso povo não merece isto. Nosso povo merece viver em paz, com emprego, renda digna, educação, oportunidades iguais e justiça social.

São Paulo, 07 de maio de 2021

Miguel Torres
Presidente da Força Sindical
Ruth Coelho Monteiro
Secretária de Direitos Humanos da Força Sindical

Confira a íntegra das nota da CUT

CUT repudia crime e exige punição para os responsáveis pelos assassinatos no RJ

No dia 05 de maio, a notícia de que o presidente Jair Bolsonaro e o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, participaram da mesma agenda. No dia 06 de maio, a noticia da “operação” no Jacarezinho, com o saldo final de 24 civis e um policial mortos.

Estas duas notícias que supostamente estão desvinculadas, na realidade fazem parte de um pacote só, é publico e notório que Bolsonaro está contrariado com o Supremo Tribunal Federal (STF), que, no ano assado decidiu que as incursões policiais no Rio de Janeiro deveriam ser informadas antes, e que ocorreriam apenas após a anuência do Ministério Público.

Jair Bolsonaro sabe que precisa de força política para realizar suas vontades, que maneira melhor de fazer do que demonstrar que opera no governo, na polícia, na milícia, enfim, nas instâncias do Rio de Janeiro! E assim o fez, através do descarte de corpos pobres e negros, corpos estes que não inflamam as massas ou, as elites. Com a deixa de que “bandido bom, é bandido morto”, tudo é cabível.

A idéia de que as favelas, as comunidades, a periferia são densamente povoadas por hordas, é construída todos os dias, mas a verdade é que estes são territórios densamente ocupados pelas trabalhadoras e trabalhadores, negras e negros, em sua maioria.

As hordas de saqueadores e bandidos habitam nos corredores palacianos, nas mesas dos restaurantes chiques. Portanto, o que assistimos ontem não foi incursão da força do Estado em busca de criminosos que estavam aliciando crianças e adolescentes para o crime, ao contrário, foi uma ação orquestrada e planejada para assassinar e descartar corpos pertencentes a uma parcela significativa da população, e que ao serem descartados não causaram clamor, apenas notas de repúdio que talvez nem sequer serão lidas.

A CUT repudia os 25 assassinatos no Jacarezinho, que somam-se aos mais de 420 mil assassinatos causados não só pela pandemia do novo coronavírus, mas também pelo mesmo desgoverno de Jair Bolsonaro. O Estado Brasileiro, que se omitiu no combate ao vírus, estimula a violência e o descarte de seres humanos.

A CUT também se solidariza com todos os parentes, amigos e familiares das vítimas desta ação violenta e desumana do Estado contra a população mais vulnerável.

Para finalizar, a CUT exige uma séria investigação para que os responsáveis por este crime hediondo sejam severamente punidos.

Justiça já para as vítimas de Jacarezinho!

Nâo à impunidade!

São Paulo, 7 de maio de 2021

Executiva Nacional da CUT

 

Confira nota da UGT

Nota de repúdio à operação policial na comunidade do Jacarezinho

A União Geral dos Trabalhadores (UGT) lamenta a operação policial ocorrida no Jacarezinho, no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (06), que resultou na morte de 25 pessoas.

Acreditamos que um crime não justifica outro, pois o Brasil, como sociedade, tem suas leis e suas normas para coibir e repreender qualquer tipo de desvio de conduta existente na sociedade civil.

Por isso, defendemos a apuração dos fatos e, caso seja constatado que a polícia tenha cometido alguma irregularidade, que os agentes sejam punidos com todo o rigor da lei.

A UGT não está aqui para defender criminosos, sejam civis ou fardados. Estamos defendendo a legislação brasileira, que em nenhum momento assegura o extermínio de quem quer que seja.

Somos uma sociedade organizada, que não pode compactuar com esse tipo de situação, sob a prerrogativa de que, se hoje um cidadão defende o ocorrido, amanhã não poderá reclamar se, por engano ou simples julgamento sumário, tiver que enterrar seu filho ou outra pessoa da sua família.

A UGT expressa seus sentimentos e solidariedade às famílias.

São Paulo, 7 de maio de 2021

Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores

 

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