PUBLICADO EM 23 de jul de 2021
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A AFL-CIO quer os trabalhadores “na frente e no centro” na batalha contra o aquecimento global

Trabalhadores, especialmente sindicalizados, devem estar “na frente e no centro” na batalha para reverter o aquecimento global, diz a Secretária-Tesoureira da AFL-CIO (Federação Americana do Trabalho e Congresso de Organizações Industriais), Liz Shuler. Isso especialmente inclui sindicalizados que constroem e reparam infraestrutura de energia, tais como os membros de seu sindicato, o Trabalhadores Elétricos (IBEW, na sigla em inglês), ela adiciona.

Por Mark Gruenberg

Shuler delineou o que deve ser o papel central dos trabalhadores na batalha contra o aquecimento global, em uma discussão de zoom individual com Tony Podesta, o antigo peso-pesado Democrata e fundador do Centro para o Progresso Americano (CAP, na sigla em inglês), um famoso laboratório de ideias de Washington.

E ela argumentou que o aquecimento global está aqui, atuando mais rapidamente e negativamente do que as pessoas percebem. Ela pega evidências tanto de dados, quanto pessoalmente: falando com seus pais em seu estado natal, Oregon, agora sofrendo sob uma combinação de dias de mais de 37 graus de temperatura e incêndios florestais devastadores. Assim como também está a maioria do Oeste dos Estados Unidos.

Isso não parece incomodar os negadores do aquecimento global em suítes corporativas ou no Congresso. Então, encarando a inação em batalhar contra o rápido aquecimento do planeta, restaurar a manufatura dos EUA e criar empregos sindicalizados bem pagos em indústrias verdes, o CAP examinou desenvolvimentos em estados, ao invés.

Seu relatório, disponível no website do CAP, americanprogress.org, descobriu mudanças estaduais e locais encorajadoras, pelo menos na batalha contra o aquecimento global, em restaurar a manufatura dos EUA e linhas de abastecimento doméstico para projetos “verdes”.

“A enorme oportunidade que a nação enfrenta agora – a criação de bons empregos sindicalizados para construir uma recuperação econômica impulsionada por energia limpa – flui em grande medida de lições aprendidas através de liderança estadual de sucesso,” seu sumário diz.

“Governos estaduais, tribais e locais estão traçando um roteiro para soluções de emprego, justiça e climáticas. Isso inclui ações tomadas para promover qualidade do trabalho em novas e rapidamente crescentes indústrias de energia limpa (e) esforços para expandir indústrias existentes que apoiam empregos sindicalizados críticos a economia limpa, tais como em transporte, infraestrutura de água e manufatura,” ele adiciona.

Esses empregos estão ligados a “esforços estaduais e locais para avançar em padrões de trabalho e no direito a organização, assegurar que os gastos do governo não impeçam a capacidade dos trabalhadores de negociar coletivamente e promover contratação local e acesso equitativo a bons empregos,” ele adiciona.

Shuler admite que tal progresso é necessário. Também é uma principal demanda trabalhista, enquanto faz lobby por legislação de infraestrutura, e uma demanda que o Presidente Democrata, Joe Biden, apoia.

“Em palavras muito simples, achamos que os dólares dos impostos federais” para projetos de infraestrutura “deveriam apoiar empregos de baixa qualidade e baixos salários no setor de energias renováveis ou empregos de alta qualidade em ondas altas?” Shuler perguntou.

“O padrão que nós vimos até aqui” no setor verde é de “salários baixos, empregos de baixa qualidade dependentes de bens importados, alguns dos quais feitos em condições muito precárias.”

Defendeu empregos verdes de alta qualidade

Em seu lobby por infraestrutura, o movimento trabalhista defendeu os altos salários, os empregos sindicalizados de alta qualidade. Esses requisitos estão no projeto de lei de infraestrutura inicial de Biden de $2,3 trilhões, desde então rejeitado em favor de um projeto de lei de $ 974 bilhões, que ele trabalhou com uma coalisão senatorial bipartidária.

Eles não foram eliminados em um projeto de lei bipartidário de crédito fiscal de energia verde, aprovado pelo Comitê Financeiro do Senado de redação de impostos, liderado pelo senador do Estado natal de Shuler, Senador Ron Wyden, D-Ore.

“Nós acreditamos que nós não devemos subsidiar gastos estrangeiros com créditos fiscais dos EUA,” Shuler disse a Podesta. O painel de finanças da Lei Americana para Energia Limpa condiciona créditos fiscais para firmas “verdes” dos EUA seguindo “altos padrões trabalhistas” e usando trabalho sindicalizado em cima disso.

Consumidores conseguem créditos pelas mesmas razões, também. Shuler citou uma provisão chave: compradores individuais de carros elétricos conseguiriam um crédito fiscal de $2.500 dólares, se os veículos forem fabricados nos EUA, e um segundo crédito de $2.500, se sindicalizados os construíram.

“Alguns diriam que isso é ‘política industrial’ e dizem que deve ser evitado,” Podesta respondeu, uma referência oblíqua a hostilidade dos Republicanos a empregos verdes, ódio aos sindicatos e oposição aos planos de Biden. “Eu diria que isso é política industrial para ser abraçada.”

“Nós estamos finalmente obtendo tração nessa ideia” que os EUA precisam de uma política industrial, Shuler respondeu. O Plano de Empregos Americanos de Biden poderia ser um veículo para isso. “Por muitos anos nós,” no movimento sindical “estamos gritando no deserto sobre isso.”

O projeto de lei de Wyden também requer que os empreiteiros paguem os salários prevalecentes de Davis-Bacon por construir projetos de energia verde financiados federalmente, incluindo projetos usando créditos fiscais “verdes”, não apenas dinheiro federal. A medida repete esse requerimento várias vezes, um resumo detalhado do que o painel financeiro revela.

“Nós vimos maus resultados das políticas do passado,” que ignoravam tanto o impacto ambiental, quanto direitos e segurança dos trabalhadores, Shuler adicionou. “Agora nós temos uma chance de fazer isso da maneira correta – e todos vencem.”

“Sindicatos são o que transformaram trabalhos perigosos de salários baixos na economia de energia, indústria por indústria,” em empregos de classe média de altos salários, ela disse. Se isso foi feito uma vez, pode ser feito de novo, argumentou.

Mark Gruenberg é o chefe do escritório da People’s World em Washington DC.

Fonte: People´s World

Tradução: Luciana Cristina Ruy

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