Os metalúrgicos decidiram, em assembleia geral da Campanha Salarial, entrar em estado de greve para pressionar os patrões a atender as reivindicações da categoria. A assembleia aconteceu na sede do Sindicato, nesta quarta-feira (21).
Na votação, os trabalhadores rejeitaram as propostas dos setores aeronáutico, estamparia, trefilação e laminação. Mas o aviso de greve será para todos os setores que continuam travando as negociações e para as bancadas que ainda não agendaram reuniões. Os metalúrgicos estão em luta por aumento real de salário e renovação de direitos.
As propostas patronais rejeitadas são:
Setor aeronáutico: INPC (8,83%) para salários de até R$ 10 mil. Para quem recebe acima disso, haveria um fixo de R$ 883. Vale-compra de R$ 300 para salários de até R$ 6.700 (30% da fábrica), liberação da terceirização, redução no período de estabilidade para lesionados (21 meses em caso de doença ocupacional e 60 meses em caso de acidente).
Estamparia: INPC, renovação da convenção coletiva por um ano e licença não remunerada de dez dias para mulheres vítimas de violência doméstica. Principais fábricas: Ball, Ardagh e MS Ambrógio.
Trefilação e laminação: INPC e renovação da convenção coletiva por um ano. Principais fábricas: Gerdau e Armco.
Negociações em andamento
Entre os setores que ainda estão em negociação incluem-se os de autopeças e eletroeletrônicos. Nos dois casos, os patrões querem mexer na cláusula que garante estabilidade para trabalhadores que foram vítimas de acidente ou doença do trabalho.
Sem a cláusula, os metalúrgicos desses setores perdem um direito conquistado com muita luta. Aqueles que se lesionarem na fábrica poderão ser demitidos bem antes da aposentadoria.
O setor de autopeças propõe apenas 21 meses de estabilidade. O setor de eletroeletrônicos quer 60 meses no primeiro ano da assinatura do acordo e 48 meses no segundo ou seguro-saúde de 30 salários ou mais. Na convenção coletiva da categoria, a estabilidade é até a aposentadoria.
Embraer
As negociações com a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que representa as empresas do setor aeronáutico, estão travadas. O Sindicato propôs 14% de reajuste, vale-compra de R$ 800 para todos e renovação da convenção coletiva, que inclui estabilidade no emprego para lesionados até a aposentadoria e proibição da terceirização da produção.
A Embraer não quer saber de negociar. Os pontos de maior divergência são aumento real, vale-compra para todos, liberação da terceirização e a estabilidade no emprego para lesionados.
“Agora é partir para as assembleias e negociar direto com as fábricas. Vamos pressionar os patrões, lutar por nossos direitos e, se não houver avanço, parar as linhas de produção”, afirma o presidente em exercício do Sindicato, Valmir Mariano.
Acordos já fechados
General Motors: INPC para salários de até R$ 9.100. Para quem recebe salário superior, será pago um valor fixo. Haverá ainda vale-alimentação de R$ 350 (até agosto de 2023) e R$ 400 (até agosto de 2024), corte de 50% no valor do transporte, licença remunerada de 15 dias para vítimas de violência doméstica e renovação do acordo coletivo por dois anos.
TI Automotive: reajuste de 10% para quem recebe até R$ 8.500. A partir desse teto, haverá um valor fixo de R$ 850. O piso salarial também será corrigido em 10%. Renovação do acordo coletivo por um ano e licença remunerada de 15 dias para vítimas de violência doméstica.
Ericsson: INPC + 1% de aumento real e R$ 3.500 de abono.
JC Hitachi: INPC + 1% de aumento real e abono de R$ 3 mil para quem recebe salário de até R$ 3 mil. Para salários acima dessa faixa, ficam valendo o INPC e abono.
Cambará: reajuste de 9%, renovação do acordo coletivo e cesta básica mensal.
Magnaghi: reajuste de 10%, renovação do acordo por um ano e um dia de folga no aniversário do trabalhador.
Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos