Na largada da campanha eleitoral oficial, faltando 47 dias para o primeiro turno, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou aos metalúrgicos do ABC sobre emprego, pobreza e Imposto de Renda. Em 24 minutos de discurso na entrada da Volkswagen, nesta terça (16), em São Bernardo, o ex-presidente disse que um de seus primeiros atos, se eleito, será a correção da tabela do IR para pessoa física. Uma promessa que seu principal adversário fez em 2018 e não cumpriu. Dos oito anos de governo Lula, a tabela foi corrigida em seis (2005 a 2010), o que se manteve nos cinco anos seguintes (governo Dilma), mas foi interrompido a partir de 2016, ano do impeachment.
Lula, que dirigiu o Sindicato dos Metalúrgicos de 1975 a 1981, enfatizou a pauta econômica, lembrando que quando esteve pela primeira vez na Volkswagen, em 1969, a fábrica tinha aproximadamente 40 mil trabalhadores. Hoje, são 8 mil. Falou em “volta” do salário e do emprego. E citou números da produção automobilística e vendas no Brasil, que caíram nos últimos anos. “Se preparem porque nós vamos trabalhar e fazer a maior transformação que esse país já viu. Com a volta do emprego, do salário e do respeito”, afirmou.
Desindustrialização
Antes de sua fala, Wellington Messias Damasceno, diretor administrativo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, lembrou que o próprio Lula esteve na Volkswagen em 2003, primeiro ano de seu mandato, no lançamento do modelo flex, que agora domina o mercado interno. “E nós estamos enfrentando um processo de desindustrialização do nosso estado, e o governo não faz nada. Estamos falando de produzir aqui carro híbrido, carro elétrico, mas o governo não dá nenhuma sinalização.”
O presidente do sindicato, Moisés Selerges, criticou a “reforma” trabalhista de 2017 e a previdenciária, em 2019, por retirar direitos, e apontou o crescimento da pobreza no país: “Ninguém é feliz com fome”. E chamou Lua de “filho da categoria e pai do Brasil”. “Nós vamos apoiar, mas temos que cobrar também”, lembrou.
Mutirão da verdade
Também no alto do carro de som, a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), disse que a campanha será “muito dura, com um adversário que mente descaradamente”. E pediu um “mutirão da verdade”. Candidato ao Senado, o ex-governador e aliado Márcio França (PSB) falou sobre a inflação e pediu esforço para tentar resolver a eleição no primeiro turno. “Nós precisamos também fazer barba e bigode. Precisamos também ter a chance de governar São Paulo”, acrescentou, citando Fernando Haddad, último a falar antes de Lula. “O que muda o país é educação e trabalho. (Precisamos) Devolver o futuro, devolver os direitos que foram surrupiados.” Haddad também citou as prisões de Lula (na ditadura, quando sindicalista, e na Operação Lava Jato) para concluir: “Esperou a justiça ser feita pra voltar pros braços de vocês e voltar a subir a rampa do Palácio do Planalto”.
Lula manteve o tom e também atacou o atual presidente da República, chamando-o de fariseu. “Está tentando manipular a fé de homens e mulheres evangélicas”, afirmou. “Não vou dizer eu, vou dizer nós: nós vamos ganhar as eleições. Vamos ganhar porque esse país precisa de nós, porque não é possível, o Brasil é o terceiro produtor de alimentos do mundo, por isso não pode ter 33 milhões de pessoas passando fome. Um país não pode ter um presidente que ninguém quer recebê-lo ou vir aqui. Um presidente que mente sete vezes por dia, que mente pros evangélicos todo santo dia. O petista lembrou que foi ele, em 2009, que sancionou a lei que criou o Dia Nacional da Marcha para Jesus (Lei 12.025).
Posse no TSE
Aos participantes da abertura de sua campanha na porta da Volkswagen, Lula voltou a criticar a postura de Jair Bolsonaro durante a pandemia. “Você não derramou uma única lágrima por 680 mil que morreram de covid. Você não acreditou na ciência, na medicina, nos governadores, você acreditou nas suas mentiras. Se tem alguém que é possuído pelo demônio, é esse Bolsonaro.”
Lula e o atual presidente poderão se encontrar ainda esta noite. O petista saiu de São Bernardo para embarcar a Brasília, onde assistirá a posse de Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Fonte: Rede Brasil Atual