O governo Bolsonaro conseguiu aprovar uma PEC que cria um estado de emergência e estoura o famigerado teto de gastos fosse aprovada no Congresso Nacional, permitindo um auxílio emergencial de R$ 600 até dezembro.
Um pagamento que vai somente até dezembro e que para muitos é uma medida eleitoreira e de acordo com a apuração da reportagem do jornal Folha SP, não tem uma adesão tão grande entre a população que poderá receber esse auxílio.
A reportagem da Folha SP, publicada nesta segunda-feira (18), mostra parte da população descontente com o aumento de R$ 200 no auxílio.
Em entrevista à reportagem, uma moradora do Itaim Paulista, na zona leste de São Paulo, Alaíde de Jesus Santana, 68, disse que não frequenta mais as feiras do bairro. O que ela recebe de aposentadoria e auxílio emergencial não são suficientes para ir na feira.
“Se eu falar pra você que este ano eu fui na feira, eu estou mentindo”, conta a aposentada. Ela está bem descontente e desconfiada com as notícias sobre a PEC. “É o mesmo potencial [de compra], a mesma coisa”, afirma, e ela fala de forma convicta: “A gente sabe que isso aí é só para o cara [o presidente Jair Bolsonaro (PL)] ganhar [as eleições]”.
Para o ex-presidente Lula, o Bolsonaro acha que pode comprar o povo. “Ele acha que o povo é rebanho. Ele acha que o povo não pensa, que o povo vai acreditar em mentira e não vai”.
As críticas continuam por meio do morador da Vila São José, no Grajaú, zona sul da capital paulista, Danilo Jesus Souza, 36, que também recebe o auxílio Brasil e critica o caráter temporário do aumento. “Pode até ajudar, mas e depois, quando acabar, você vai para onde?”
Durante a votação da PEC, a oposição tentou manter o aumento de forma permanente, mas sem sucesso.
A ajuda é importante, mas a geração de empregos para que as pessoas tenham uma renda estável. “O que a gente queria mesmo era um emprego fixo”, disse Danilo.
A medida é estritamente eleitoreira e não atende as necessidades da população, como diz a assistente social e diretora da Rede Brasileira de Renda Básica, Paola Carvalho.
“Nós alertamos desde março de 2020 que vivíamos uma situação de emergência”, disse Paola. E esses cinco meses não terão efeitos duradouros para a população mais vulnerável.
“São cinco meses de R$ 600 sabendo que a fila de espera do Auxílio Brasil é gigantesca e que, efetivamente, nós não estamos atendendo todas as famílias, nem mesmo pelo tempo necessário para que as pessoas possam se reorganizar”, afirma Paola.
com informações da Folha de São Paulo