PUBLICADO EM 12 de fev de 2018
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Está na boca do povo: em pleno carnaval o grito contra a reforma trabalhista

11.02.2018 – Carnaval Rio 2018 – Desfile na Sapucaí – Paraíso do Tuiuti – Grupo Especial – Fernando Grilli | Riotur

As escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro incendiaram o sambódromo neste domingo, na primeira das duas noites de desfile, que teve conotação de crise política e social.

Carros que criticavam o prefeito evangélico Marcelo Crivella, que cortou a verba para os desfiles, ou exibiam o presidente Michel Temer como um vampiro foram alguns dos destaques da noite.

Carnaval Rio 2018 – Desfile na Sapucaí – Paraíso do Tuiuti – Grupo Especial – Paulo Portilho | Riotur

A Paraíso do Tuiuti apresentou um enredo com o tema “Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?”, que lembrou que, este ano, completam-se apenas 130 anos desde o fim desta forma de exploração humana no Brasil, sem que suas sequelas tenham sido eliminadas.

Várias alas foram dedicadas a lembrar este fato, como o alto nível de desigualdade social, a exploração do trabalho rural e em oficinas industriais, e o trabalho informal. Também denunciaram a recente reforma trabalhista, que flexibilizou as normas de contratação e demissão.

Foto: Mauro Pimentel

Em um dos carros alegóricos, uma figura de “Drácula” ganhou os traços do presidente Michel Temer. Apesar da clara referência ao emedebista, o destaque do carro, um homem pálido e vestindo terno e uma faixa presidencial verde e amarela cheia de cédulas de dinheiro, foi chamado oficialmente pela escola de “Vampiro do Neoliberalismo”.

O protesto “é um caminho que as escolas retomam, porque têm um papel social: reivindicar a voz das pessoas mais pobres”, disse o professor de história Leo Morais, 39, que interpretou o Drácula.

Confira a letra do samba enredo:

Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?

Irmão de olho claro ou da Guiné
Qual será o valor?
Pobre artigo de mercado
Senhor eu não tenho a sua fé, e nem tenho a sua cor

Tenho sangue avermelhado
O mesmo que escorre da ferida

Mostra que a vida se lamenta por nós dois

Mas falta em seu peito um coração

Ao me dar escravidão e um prato de feijão com arroz

Eu fui mandinga, cambinda, haussá

Fui um rei egbá preso na corrente

Sofri nos braços de um capataz

Morri nos canaviais onde se planta gente

Ê calunga!
Ê ê calunga!

Preto Velho me contou,  Preto Velho me contou

Onde mora a senhora liberdade

Não tem ferro, nem feitor

Amparo do rosário ao negro Benedito

Um grito feito pele de tambor

Deu no noticiário, com lágrimas escrito

Um rito, uma luta, um homem de cor

E assim, quando a lei foi assinada

Uma lua atordoada assistiu fogos no céu

Áurea feito o ouro da bandeira

Fui rezar na cachoeira contra bondade cruel

Meu Deus! Meu Deus!

Se eu chorar não leve a mal

Pela luz do candeeiro

Liberte o cativeiro social

Não sou escravo de nenhum senhor

Meu Paraíso é meu bastião

Meu Tuiuti o quilombo da favela

É sentinela da libertação

Confira o vídeo da íntegra do desfile, divulgado pelo canal Enredo e Samba, no Youtube:
https://youtu.be/RkVKiEzQMUw

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  • Val Gomes

    A escola também trouxe os coxinhas/patos da Fiesp do impeachment, manipulados pelas mãos “visíveis” do mercado etc.

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