A cada 10 casos, três estão relacionados a hábitos como tabagismo, consumo de álcool, sedentarismo, obesidade exposição excessiva ao sol; Inca alerta que só este ano serão quase 600 mil novos casos de câncer no Brasil
Uma pesquisa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) aponta que 1,2 milhão de novos casos da doença devem surgir no país entre 2018 e 2019. Só neste ano, a estimativa é que surjam 582 mil novos casos – 300 mil em homens e 282 mil em mulheres.
Ainda segundo o estudo, em cada 10 casos, três estão relacionados ao estilo de vida que as pessoas levam. Hábitos como tabagismo, consumo de álcool, sedentarismo, obesidade e exposição excessiva ao sol aumentam as chances de incidência da doença.
“O tipo de câncer mais comum no nosso país continua sendo, claro que esperado num país tropical, o câncer de pele, do tipo não melanoma. Dos demais cânceres, mama na mulher e próstata no homem vêm se destacando bastante”, afirmou Ana Cristina Pinho, diretora-geral do Inca.
“Além disso, outros tipos de câncer com alta incidência, como o câncer de pulmão e o câncer de intestino, também estão muito ligados a hábitos alimentares, ao tabagismo, uso abusivo de álcool”, completou.
Brasil deve registrar mais de 1 milhão de novos casos de câncer nos próximos 2 anos
Tumores de maior incidência
Entre os tipos de cânceres com maior incidência em ambos os sexos está o câncer de pele não melanoma, que é um tipo de tumor menos letal. Os outros 10 tipos mais incidentes são: próstata, mama, intestino, pulmão, estômago, colo do útero, cavidade oral, sistema nervoso central, leucemia e esôfago.
“No caso homem, o câncer de próstata, no caso da mulher, o câncer de mama, são tipos de câncer ligados ao aumento do tempo de vida, ligados a questões de envelhecimento, alterações hormonais, ligados a funções reprodutivas, obesidade, sedentarismo, são características da vida mais urbana”, afirmou Ana Cristina.
Segundo os pesquisadores, cerca de um terço dos tipos de câncer podem ser evitados, o que significa um passo muito importante no aspecto da prevenção da doença no Brasil e no mundo. Os dados foram divulgados em um evento no Inca para o Dia Mundial do Câncer.
(Foto: Karina Almeida/G1) (Foto: Karina Almeida/G1)
(Foto: Karina Almeida/G1)
Os cânceres de maior incidência nas mulheres são:
câncer de mama
intestino
colo do útero
pulmão
glándula tireoide
Os cânceres de maior incidência nos homens são:
próstata
pulmão
intestino
estômago
cavidade oral
De acordo com o diretor do Inca, Marcelo Bello, ações do governo federal vão ajudar a reduzir a incidência de determinados casos de câncer.
“No caso das mulheres, o câncer de colo de útero entrou em terceiro lugar, e a gente sabe que na região Norte ele é o primeiro lugar. Isso, mais uma vez, corrobora com a ação do Ministério da Saúde na campanha de vacinação contra o HPV, que vai reverter esse quadro. No restante do país, a gente vê o câncer de mama como o mais incidente, que era o esperado nas mulheres”, explicou.
No caso dos cânceres que podem ser prevenidos, como o de colo do útero, o importante é fazer o exame preventivo e vacinar as filhas e filhos. No caso do câncer de mama, a melhor forma de prevenir é fazer a mamografia a partir dos 50 anos, que é a faixa etária onde há maior incidência da doença.
Paciente teve diagnóstico errado
Ao olhar para o passado – de forma mais específica, para quase quatro anos atrás –, a cabeleireira Fabiani Monteiro Chavinhas, de 43 anos, lembra com detalhes do dia em que sua vida mudou.
“Cheguei em casa cansada. Havia trabalhado muito e queria relaxar, por isso decidi tomar um banho. Debaixo do chuveiro, percebi, em meu seio esquerdo, uma espécie de caroço. Muito discreto, mas estava lá. Já procurei ajuda médica no dia seguinte”, relembrou Fabiani.
A cabeleireira Fabiani Monteiro Chavinhas descobriu o câncer de mama há quatro anos (Foto: Carlos Brito/G1) A cabeleireira Fabiani Monteiro Chavinhas descobriu o câncer de mama há quatro anos (Foto: Carlos Brito/G1)
A cabeleireira Fabiani Monteiro Chavinhas descobriu o câncer de mama há quatro anos (Foto: Carlos Brito/G1)
Em um primeiro momento, ela buscou auxílio na rede particular. O diagnóstico inicial foi equivocado e, durante pouco mais de um ano, o que de fato era um câncer de mama foi tratado como um cisto líquido.
“Fazia o tratamento, mas não percebia nenhuma melhora. Foi quando uma amiga me levou a outra médica. Ela me pediu outros exames e foi nesse momento que descobri que tinha um câncer na mama.”
A descoberta não assustou Fabiani. Pelo menos não quando houve certeza da doença que a acometera. “Fiquei apavorada quando senti aquele caroço no meu seio. Aquilo me deixou assustada. Mas quando soube do diagnóstico correto, não me abalei. Pelo contrário: saber contra o que eu estava lutando me deu tranquilidade”, afirmou.
Fonte: Portal do G1