Nada justifica o reajuste salarial de 47% conferido pela Câmara Municipal de São Paulo aos salários do prefeito Bruno Covas, do vice e dos secretários municipais e que se estenderá, no chamado efeito cascata, para todo o funcionalismo.
Não basta dizer que o aumento passa a valer só em 2022, nem afirmar que o teto salarial do município está defasado.
A sociedade inteira está fazendo enormes sacrifícios para superar a crise e a pandemia e com muitas expectativas em relação ao início da vacinação contra a doença covid-19.
Nós, dirigentes sindicais e trabalhadores, temos lutado muito contra a fragilização econômica dos setores produtivos, o desemprego, a redução da renda, a diminuição do poder de compra dos salários, os ataques aos direitos e os riscos à saúde no trabalho.
Então, o que mais se espera dos representantes políticos nesta hora é responsabilidade, compromisso com a realidade, respeito à sociedade e apoio às lutas de todos contra a crise e o coronavírus.
Assistimos, porém, indignados, a maioria dos vereadores dar às costas a tudo isto e, em pleno fim de um ano difícil, de muita luta, luto e dor, aprovar um aumento indecoroso e irresponsável com a coisa pública.
Parabenizamos os vereadores que votaram contra o reajuste, apoiamos as iniciativas de barrar o mesmo na Justiça e gostaríamos muito de ver o poder público municipal recuar e pedir desculpas por este erro estúpido e mesquinho.
Chiquinho Pereira, presidente do Sindicato dos Padeiros de São Paulo e da Febrapan e Secretário de Organização, Formação e Políticas Sindicais da UGT.