Segundo matéria de Sérgio Roxo e Paulo Cappelli no jornal o Globo, considerados fieis da balança, os partidos de esquerda e de centro-esquerda não devem se posicionar em bloco na eleição para a presidência da Câmara dos Deputados. As legendas, que somadas têm 132 dos 513 deputados, ainda aguardam a definição de quem será o candidato apoiado pelo atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em quem parte do grupo votou na última eleição. Em paralelo, oposicionistas vêm sendo cada vez mais buscados pelo deputado federal Arthur Lira (PP-AL), candidato do presidente Jair Bolsonaro, que almeja conseguir pelo menos 30% dos votos da esquerda.
O PT, que tem a maior bancada da Casa, vive uma divisão entre o grupo que gostaria que fosse lançado um nome do próprio campo, para marcar posição, e outro que defende uma aliança, a fim de conseguir espaço na Mesa. Lira tem cortejado os petistas e procurou até o ex-ministro José Dirceu.
Ainda segundo o Globo, de acordo com parlamentares, o candidato se comprometeu com três pautas na corte aos petistas: combate ao “lava-jatismo”, mudanças na Lei da Ficha Limpa e um projeto que permita nova forma de financiamento dos sindicatos. Também diz que não vai levar adiante pautas de costumes conservadores defendidas pelo governo Bolsonaro. Na sexta-feira, a executiva do PT se reunirá para definir o posicionamento do partido.
— Vou aguardar a decisão da executiva nacional e também reuniões que devem ocorrer com candidatos semana que vem. Mas a minha tendência é pela composição — afirmou o deputado Zeca Dirceu (PT-PR), filho de José Dirceu.
Indagado se Lira poderia ser o candidato apoiado pelo PT, Zeca disse preferir esperar a conclusão das discussões internas. Outros deputados revelam que a ala do partido vinculada à CUT se animou com as pautas apresentadas pelo candidato do PP.
Lira, que lançará oficialmente hoje a sua candidatura, também tem mantido diálogo com o líder do PT na Câmara, Enio Verri (PR), e com deputados como Odair Cunha (MG) e José Guimarães (CE). Ele enfrenta, no entanto, resistência da presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann.
A matéria de o Globo revela que o grupo petista a favor de uma candidatura própria é minoritário e, no caso do deputado do PP, há preocupações se não soaria incoerente apoiá-lo e ainda manter a bandeira do “fora, Bolsonaro”. Por isso, o caminho visto como mais viável seria de uma adesão a um candidato de Maia. Mas isso vai depender do nome a ser apoiado pelo atual presidente, e também que o escolhido se comprometa em manter uma posição de independência em relação ao governo. Atualmente, são mais cotados para ser o nome do grupo de Maia Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Baleia Rossi (MDB-SP) e Elmar Nascimento (DEM-BA), e, com menos chances, Luciano Bivar (PSL-PE) e Marcos Pereira (Republicanos-SP).
Ontem, Lira se reuniu por videoconferência com a bancada do PCdoB, num encontro que durou uma hora. Buscou desvincular sua candidatura do Planalto e pediu à bancada que lhe envie uma pauta de compromissos para analisar o que pode atender. Apesar de a legenda ter relação histórica com Maia, deputados comunistas avaliam que Lira é uma pessoa que “mantém a palavra e cumpre acordos”.
O PSB também vem sendo cortejado. Anteontem, Lira foi recebido pelo governador de Pernambuco, Paulo Câmara, uma das lideranças nacionais da legenda. Ontem, foi a vez de Maia convidar Câmara para um almoço na sua residência oficial, em Brasília, junto com o presidente do partido, Carlos Siqueira.
— Estamos aguardando quem é o candidato desse grupo (de Maia) — afirmou Siqueira.
Portas abertas
O dirigente do PSB faz ressalvas indiretas a Lira, mas não fecha as portas para uma composição com o líder do PP.
— A princípio não vetamos ninguém. Mas acho importante a Câmara ter um presidente que tenha autonomia, não trate a Câmara como anexo do Palácio do Planalto, que respeite as minorias, que não as atropele.
Siqueira afirma que não pretende tomar nenhuma decisão com os partidos de esquerda. Antes de anunciar a posição do PSB, planeja consultar apenas o PDT para tentar fechar um caminho conjunto, “mas não obrigatoriamente”.
Carlos Lupi, presidente do PDT, é mais otimista sobre uma união da oposição.
— Nossa unidade é para não estar com o candidato do Bolsonaro. Isso é fechado entre os partidos de oposição — afirma, descartando aliança com Lira.
Já o PSOL diz que as discussões sobre o posicionamento do partido ainda estão em andamento. Porém, lideranças da sigla descartam a possibilidade de compor com um nome de centro-direita ou de centro. A tendência é ter candidato próprio e marcar posição.
José Elias de Gois
Essa disputa pela presidência da câmara, envolve interesses de grupos e de partidos, sabemos a quão é importante para o país um presidente da câmara que tenha um mínimo de independência, diste de tantos problemas no país, se faz nescessário um presidente da câmara sem alienação ao governo Bulsonaro, motivo de tantos atrasos e negativismo para o nosso amado país.