PUBLICADO EM 30 de nov de 2020
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Arca-de-Noé com Noé

Eu não tenho ideia de como se constrói uma frente popular, ampla, forte. Mas acho que sei como não se constrói.

O primeiro a ser feito é não cair na armadilha da tal frente de esquerda. Até porque, se for frente, ela terá que ser ampla, popular, uma espécie de arca-de-Noé com Noé, ou seja, ter comando.

Penso também que uma frente, se quiser ter apoio e êxito, não poderá parecer partido político. Pesquisa mostra que 80% dos eleitores votam em propostas. O partido só atrai 8%.

A base social e religiosa brasileira mudou muito e os novos crentes são numerosos. São orgânicos, têm um ativismo discreto, mas cotidiano e persistente. Eles tendem a seguir o pastor. Portanto, são arca-de-Noé com Noé.

Quem quiser ter apoio dos de baixo deve ser zeloso quanto à pauta identitária. O povo, em geral, é conservador. E, também, não considera prioridade eleitoral a questão identitária.

A frente precisa ter discurso objetivo, vale dizer fazer uma pregação simples, direta e repetitiva. Bater em poucas teclas, como emprego, renda e saúde. Não mais que isso, se não dispersa.

A construção dessa frente exige também reconstruir a memória nacional. É preciso recontar lutas do passado, mostrar experiências que deram certo e valorizar figuras notórias, dos mais amplos setores, de gente que atuou pelo bem do País. O exemplo orienta e politiza.

Entendo que há um espaço efetivo para o movimento sindical nessa frente popular. Para tanto, o sindicalismo deve empunhar, com vigor, as bandeiras do emprego, da qualificação do jovem, dos direitos e do fortalecimento da indústria.

Na atual fase da história, o caminho da vitória também passa pelo uso adequado dos meios. Nesse sentido, é preciso ter mais presença nas redes sociais. Presença, mensagem, efetividade.

São caminhos. Não custa tentar.

João Franzin é jornalista e coordenador da Agência Sindical. Email: franzin@agenciasindical.com.br

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