Os condutores de São Paulo mostraram a capacidade de mobilização, comprometimento e luta em defesa dos seus direitos. Na tarde desta segunda-feira (29), a assembleia da categoria, em frente à sede do Sindmotoristas, reuniu mais de seis mil trabalhadores para deliberar sobre as ações em defesa do emprego.

A preocupação no meio da categoria cresce na medida em que o prefeito Bruno Covas coloca em prática o “desmonte” do sistema de transporte público, com a redução da frota de ônibus, restruturação das linhas estruturais e locais, bem como, a extinção da função do cobrador.

Diante dessa situação, os trabalhadores aprovaram por unanimidade o plano de luta para a próxima quarta-feira (31):

– Manifestação em todos os terminais de ônibus a partir das 9 horas. O movimento terá duração de três horas;
– Passeata dos trabalhadores pelas principais vias de São Paulo, passando pela Avenida Paulista, Consolação, até a sede da Prefeitura, no centro da cidade. A concentração será na sede do sindicato, às 14 horas.

O secretário de finanças, Valdemir dos Santos Soares (Moleque), criticou a falta de uma política voltada para a qualificação profissional dos trabalhadores, em especial dos cobradores. “Agora nessa crise, o Poder Público afirma que não haverá demissão na categoria, mas sabemos que isso não é verdade. O reaproveitamento de 19 mil cobradores no sistema não passa de promessa ”.

A figura do maior líder da categoria, o deputado federal e presidente licenciado do Sindmotoristas, Valdevan Noventa, foi enaltecida pelo secretário geral, Francisco Xavier da Silva (Chiquinho), que destacou a atuação do parlamentar no Congresso Nacional, onde é a voz dos trabalhadores brasileiros. Chiquinho disse ainda que o companheiro Noventa não abandonou suas origens, continua coordenando a luta dos condutores e participando diretamente de todas as tratativas com representantes do Governo e dos empresários.

Em sua fala, o deputado Noventa manifestou preocupação com os rumos do sistema de transportes público da maior cidade da América Latina. Ele não tem dúvidas de que haverá uma queda acentuada de qualidade do serviço, que penalizará trabalhadores e usuários de ônibus. No entanto, o deputado diz confiar na união da categoria e do sindicato para fazer a diferença. E, para engrossar as trincheiras da luta dos condutores, Noventa convida vários setores da sociedade a se engajarem.

“Não somos contra a licitação no transporte. Contudo, condenamos veementemente a forma como o processo está sendo conduzido. Não podemos compactuar com medidas que resultarão em milhares de demissões, uma que vez a ideia é retirar de linha 1.800 ônibus, atingindo cerca de 7.500 trabalhadores, entre motoristas, cobradores, profissionais da manutenção, fiscalização e administrativo”, afirmou o líder da categoria.

Segundo o deputado, a resposta às maldades será dada nas ruas. “Lutar sempre, vencer talvez, desistir jamais”.
O presidente em exercício do Sindmotoristas, Valmir Santana da Paz (Sorriso), ratificou as falas do companheiro Noventa e finalizou dizendo que a categoria dos condutores não irá recuar uma vírgula em sua posição. “Pelo nosso emprego e direitos, vamos para a guerra”.