PUBLICADO EM 05 de jun de 2019
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Metalúrgicos do ABC vão cruzar os braços no dia 14 de junho

Por mais empregos, contra reforma e pela educação, trabalhadores de dez fábricas já aprovaram greve. Sindicato mantém mobilização, espera que adesão seja em peso e que nenhuma fábrica do ABC funcione no dia 14

Foto: Raquel Camargo

Trabalhadores e trabalhadoras de dez fábricas no ABC já disseram sim para a greve geral do dia 14 de junho contra a reforma da Previdência, por empregos e pela educação pública e de qualidade chamada pela CUT e demais centrais sindicais.

Organizadas pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC), as assembleias para a aprovação da greve geral já aconteceram na Volkswagen, Movent Automotive, Nakata Automotiva, Dana, Evacon, Belden, Asbrasil, Frabrimold, Metalúrgica Paschoal e Soma. A Rassini aprovou nesta terça-feira (04) a mobilização pela Greve Geral do próxima dia 14. A mobilização continua nesta semana na Usimatic, Rassini, Metalpart, ZF do Brasil, Caldex, Otis, Toledo e Autometal.

A expectativa da direção do sindicato é de que a base de 71 mil metalúrgicos e metalúrgicas pare e nenhuma fábrica do ABC funcione no dia 14 de junho.

“Vamos parar para mostrar toda a insatisfação com esta reforma da Previdência de Bolsonaro e Guedes, que somos contrários aos cortes de investimento na educação e que queremos mais empregos de qualidade”, afirmou o Secretário-Geral do SMABC, Aroaldo Silva.

Inicialmente convocada para protestar contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 06 que acaba com a aposentadoria de milhões de brasileiros e pela geração de emprego e renda, a greve geral também incluiu a defesa da educação, depois que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, anunciou cortes que praticamente destroem o ensino público brasileiro.

Todos os pontos da reforma da Previdência são ruins para os trabalhadores, mas alguns são especialmente perversos para a categoria metalúrgica, entre eles, o fim da aposentadoria por tempo de contribuição, a obrigatoriedade da idade mínima (62 anos para as mulheres e 65 para os homens), e o fim da aposentadoria especial para trabalhadores e trabalhadoras que exercem por um longo período funções em condições insalubres e prejudiciais à saúde.

“Se esta proposta for aprovada, os metalúrgicos e as metalúrgicas vão morrer trabalhando, porque vai mudar de forma radical para a categoria e muita gente vai ficar de fora de forma injusta”, diz Aroaldo, lembrando que boa parte da categoria trabalha em local insalubre, aposenta por tempo de contribuição e muitos começaram a trabalhar muito cedo, antes mesmo dos 14 anos.

O dirigente também critica os falsos argumentos do governo de que com a reforma o país vai economizar mais de R$ 1 trilhão e, com isso, a economia vai melhorar.

“Os trabalhadores e as trabalhadoras já sabem que não é com a reforma de Bolsonaro que o Brasil vai crescer e sim se tiver investimentos pesados em áreas como infraestrutura, além de crédito acessível e mais barato. É isso que gera emprego. É isso que um país que tem mais de 13 milhões de desempregados precisa e não de ataques aos direitos”, afirmou Aroaldo.

O Secretário-Geral do SMABC disse que o trabalhador e a trabalhadora no ABC tem tido muita informação sobre a reforma da Previdência. Teve oficina com todos os representantes das Comissões de Empresas nas fábricas da região, panfletagens nas portas das fábricas e “a Tribuna Metalúrgica [jornal do SMABC] todo dia tem notícia sobre os motivos pelos quais a classe trabalhadora tem para cruzar os braços no dia 14 de junho”.

Sobre a defesa da educação, outra pauta da greve geral do dia 14, o diretor executivo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wellington Messias Damasceno, explicou, em matéria publicada na Tribuna, que defender a educação pública e de qualidade é também defender a indústria forte no Brasil. Pois, “só teremos uma indústria forte se tivermos uma área científica com bons investimentos em educação, nas universidades públicas, onde é produzida a inteligência do país”.

Aroaldo e Wellington encerraram suas falas convocando a população para aderir a greve geral do dia 14 de junho pela educação, pela aposentadoria, por empregos e por “Brasil livre e soberano que valorize seu povo”.

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