O retrato da posse de bens pelas famílias, com dados inéditos de 2018, foi feito a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o levantamento, mais de 2,6 milhões de residências passaram a ter ao menos um morador com o aparelho celular nos últimos dois anos. Em termos absolutos, houve crescimento em todas as 27 unidades da federação do país.
“A concorrência no setor de telefonia móvel se dá pelo preço, o que ajuda a baratear e dar acesso a cada vez mais pessoas ao serviço”, disse Cosmo Donato, analista da LCA Consultores e autor do levantamento. “E, claro, o celular já tornou-se um bem indispensável há algum tempo.”
A presença de celulares cresceu mais rapidamente nos Estados da região Norte, como Rondônia (de 92% em 2016 para 94,6% em 2018), Amazonas (87,9% para 90,3%) e Pará (85% para 87%). Mesmo assim, eles estavam entre os mais atrasados na universalização do aparelho.
Para Cosmo, o avanço mais acelerado nessas regiões pode ter relação com a base menor de usuários no passado recente, o que abre mais espaço para crescimento, além da melhora da cobertura pelas empresas de telefonia.
O levantamento permite constatar que em quatro Estados (Acre, Amazonas, Maranhão e Piauí) existem mais domicílios com celular que com banheiro de uso exclusivo dos moradores.
Os aparelhos estavam presentes em praticamente todos os domicílios de Estados do Centro-Oeste. São os casos de Distrito Federal (98,1% dos lares tinham ao menos um aparelho), Mato Grosso do Sul (97,8%), Goiás (97%) e Mato Grosso (96,4%), mostra o levantamento.
Dados mostram também que os tablets estão perdendo a batalha contra os celulares. Dos 71 milhões de lares do país, eles estavam presentes em apenas 10%. Essa proporção havia sido maior em 2016 (12,1%) e em 2017 (10,5%).
Os consumidores vêm questionando o custo-benefício dos tablets, principalmente após a onda nos últimos anos de smartphones com telas maiores. Este seria um dos fatores por trás da perda de atratividade do produto.
“Os tablets chegaram primeiro como aparelho para conexão móvel e mais simples. Porém, algumas empresas lançaram produtos baratos, sem qualidade, que trouxeram uma experiência ruim em qualidade”, disse Wellington La Falce, analista de pesquisa da IDC Brasil
Ele explica que, apesar da perda de participação, os tablets não rumam para a extinção. “As marcas de tablet trabalham agora o produto para uma experiência melhor. Vendem menos, mas vendem melhor”, acrescentou.
Apesar da Copa de 2018 ter movimentado o mercado de televisores, a proporção de domicílios com aparelhos de TV ficou praticamente estável no ano passado, em 96,5%, ligeiramente abaixo dos 96,8% registrados no ano anterior.
“Acho um pouco cedo para falar de televisores perdendo espaço para celulares. O televisor está universalizado se você considerar que ainda existem locais sem energia”, disse Donato.
O movimento de perda de participação também vem sendo captado há anos pelos computadores de mesa. No ano passado, os computadores estavam presentes em 42,7% dos domicílios, o correspondente a 30,3 milhões. Essa proporção também havia recuado de 2016 (46,3%) para 2017 (44%).
Fonte: Valor Econômico