PUBLICADO EM 27 de maio de 2019
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Preço do café cai quase 5% no varejo

A queda de preços vista no campo vem chegando, ainda que em menor medida, ao consumidor. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) indicou recuo de 4,9% nos preços do café torrado e moído no varejo em abril ante ao mesmo mês de 2018, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Nas gôndolas dos supermercados, os preços vêm oscilando entre R$ 19 e R$ 20 por quilo desde 2017, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Café (Abic). “A perspectiva é que os preços não aumentem, a menos que ocorra uma inversão na situação atual das lavouras”, disse Nathan Herszkowicz, presidente da associação. Ele afirma que as marcas líderes reduziram o preço médio dos cafés no país em cerca de 15% desde abril do último ano.

Ainda assim, para a indústria, a perspectiva é positiva. O consumo de café no país deve crescer 3,6% ao ano até 2021, de acordo com a consultoria Euromonitor. No ano passado, os brasileiros demandaram 21 milhões de sacas. “Uma parcela cada vez mais significativa dos consumidores está disposta a pagar mais pelos produtos de maior qualidade”, disse.

Essa disposição pode ajudar a explicar porque o cafezinho nosso de cada dia ficou mais caro fora de casa. A alta foi de 8% nos últimos 12 meses. Por ter maior qualidade, cafés considerados especiais podem pesar um pouco mais no bolso do consumidor.

Mas nem mesmo os produtores desses cafés estão imunes aos preços em queda. “O cenário no curto prazo é bom para esse nicho, mas como a produção tem custo mais elevado, isso pode desestimular o cafeicultor”, avaliou Maciel Silva, assessor técnico da Comissão de Café da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Um café só é considerado especial se tiver uma avaliação superior a 80 pontos, conforme classificação da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA, na sigla em inglês). Mas apenas pequena parcela de produtores – aqueles que negociam grãos extremamente finos, acima de 87 pontos – consegue cotações desvinculadas da bolsa de Nova York.

“Os demais, com cafés entre 80 e 85 pontos, têm prêmios atrelados aos preços da bolsa. E a cotação em 90 centavos de dólar por libra-peso faz diferença”, reconhece Vanusia Nogueira, diretora-executiva da BSCA. Ela acrescenta que nenhuma fazenda consegue produzir apenas cafés especiais. Sendo assim, em maior ou menor medida, a rentabilidade dos produtores será menor pela queda dos preços.

No ano passado, a produção brasileira de cafés especiais totalizou 10 milhões de sacas, das quais 8 milhões foram exportadas e 1 milhão ficou para consumo no mercado interno, segundo a BSCA.

FONTE: Valor Econômico

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