A categoria bancária reivindicou aumento real, na mesa de negociação entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), realizada nesta quarta-feira (07).
Nesta que é a 6ª rodada de negociação da Campanha Nacional dos Bancários, o Comando Nacional cobrou também da Federação Nacional dos Bancários (Fenaban) aumento na PLR e melhorias nas demais cláusulas econômicas, como nos vales alimentação e refeição, diante dos significativos resultados financeiros dos bancos.
Bancários querem aumento real
A Consulta Nacional dos Bancários deste ano, realizada com quase 47 mil trabalhadoras e trabalhadores em todo o país, aponta que o aumento real no salário está no topo (93%) das prioridades da categoria, seguida pelo aumento da PLR (63%), e dos vales alimentação e refeição (51%).
Na semana que vem, dia 12, a categoria realiza um dia de mobilização em todo o país, exigindo proposta dos banqueiros.
“No último ano, o lucro somado dos cinco maiores bancos totalizou R$ 108,6 bilhões. Entre 2013 e 2023, o lucro líquido real, acima da inflação, cresceu 169%. Em todo o período os bancos apresentaram lucro, mesmo durante a pandemia. A rentabilidade média do período ficou três vezes acima da inflação, o que reforça o bom desempenho dos bancos”, afirmou Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.
“Durante a reunião, a Fenaban propôs precarizar os direitos, não vamos admitir. Semana que teremos nova reunião e queremos uma proposta digna, que dialogue com aumento de emprego, aumento real, mais direitos, igualdade salarial, não vamos aceitar que os bancários sejam precarizados por terceirizados, como tem feito o banco Santander”, complementou a dirigente.
Bancos sugerem precarização
O porta-voz da Fenaban falou de aumento de concorrência no setor, diante do surgimento de novas instituições de pagamento. Disse ainda que essa concorrência coloca o setor bancário em risco no país e sugeriu propostas que poderiam precarizar direitos e rebaixar os salários.
“Os bancos estão chorando de barriga cheia. Mostramos que, entre 2003 e 2023, o lucro líquido dos maiores bancos no Brasil cresceu 169% acima da inflação. Além dos lucros, os bancos sempre mantiveram rentabilidade significativa no país, mesmo em momentos de crise, com crescimento médio de 15% acima da inflação. A título de comparação, os bancos dos Estados Unidos têm rentabilidade média de 6,5% acima da inflação, na Espanha 10% e na Inglaterra 9%”, destacou a coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e também presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira.
“Atualmente, 82% do crédito brasileiro e 81% dos ativos do setor financeiro estão nas mãos dos bancos”, completou.
A inflação controlada e o mercado de trabalho aquecido contribuem para negociações salariais vantajosas. Segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com mais de 6,7 mil negociações este ano, 86,1% dos reajustes foram maiores que o INPC. O ganho real médio conquistado foi de 1,59%.
Na consulta com a categoria, com mais de 45 mil pessoas, 93% dos trabalhadores apontaram o aumento real como prioridade; 63% apontam a PLR como prioridade e 51% apontam reajuste maior para VA e VR.
Bancos cobram tarifas altas e diminuem a remuneração dos trabalhadores – Os cinco principais bancos arrecadaram R$ 156,3 bilhões com prestação de serviços e tarifas bancárias em 2023, alta de média de 2,9%.
“Os bancos cobram taxas de juros abusivas, com cheque especial a 128% ao ano e 422% ao ano no rotativo do cartão de crédito. Apenas com as tarifas bancárias dos cinco maiores bancos são suficientes para cobrir 127% do total de despesas de pessoal”, afirma Neiva Ribeiro
Altos salários para os executivos. E para o trabalhador? – Para 2024, a previsão é que a remuneração média individual anual da Direção Estatutária dos quatro maiores bancos (Itaú, Santander, BB e Bradesco) chegue a R$ 9,2 milhões por diretor (a), aumento de 8% em relação a 2023.
Principais revindicações da mesa
Recomposição salarial:
- Que o reajuste salarial corresponda à reposição da inflação, pelo INPC acumulado entre setembro de 2023 e agosto de 2024, acrescido do aumento real de 5%.
Participação nos Lucros e Resultados:
- Garantia de que todos os empregados, independentemente de faixa salarial e incluindo aposentados e afastados por motivos de saúde ou acidente, tenham participação nos lucros da empresa, a partir do pagamento de três salários-base, mais as verbas fixas de natureza salarial, reajustadas em setembro de 2024.
- Que as empresas paguem, a título de parcela adicional, o valor fixo de R$ 15.400,07, corrigido pelo INPC-IBGE, acumulado no período entre setembro de 2023 e agosto de 2024, acrescido de aumento real de 5%.
- Que os bancos não descontem da PLR (seja regra básica, seja parcela adicional) outros pagamentos feitos por planos próprios e de remuneração variável.
- Transparência nas regras usadas pelos bancos para calcular e pagar a PLR.
Auxílio alimentação e auxílio refeição:
- Aumento do VA dos atuais R$ 835,99, pagos mensalmente, para R$ 1.412,00, e aumento do VR dos atuais R$ 1.060,84, pagos sob a forma de 22 tickets de R$ 48,22, para R$ 1.412,00, pagos em 23 tickets de R$ 61,39.
Auxílios creche e babá:
- Pagos no valor de um salário-mínimo, R$ 1.412,00.
Dia de mobilização
O próximo encontro com a Fenaban será em 13 de agosto. O Comando cobrou que os bancos tragam, no dia, propostas já debatidas até o momento na campanha nacional.
No dia 12, a categoria realizará um dia nacional de lutas, para cobrar propostas decentes dos bancos.
Calendário das próximas negociações
- 13/08 – Cláusulas econômicas
- 20/08 – Em definição
- 27/08 – Em definição
Com informações da Contraf-CUT e Sindicato dos Bancários SP
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