PUBLICADO EM 29 de abr de 2024
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Estudantes se organizam em acampamentos pró-Palestina contra o genocídio em Gaza

Acampamentos anti-genocídio em universidades: Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill (University of North Carolina at Chapel Hill). Foto: reprodução redes sociais.

Acampamentos anti-genocídio em universidades: Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill (University of North Carolina at Chapel Hill). Foto: reprodução redes sociais.

Enquanto o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, está sob crescente pressão interna, grandes manifestações pró-palestinas se espalham em universidades dos Estados Unidos, Europa e Austrália.

Os protestos estudantis deflagraram uma repressão brutal por parte da polícia, especialmente nas universidades dos EUA. De Nova Iorque à Califórnia, estudantes que protestam contra o ataque de Israel a Gaza têm dormido em tendas em campus universitários e ocupado as praças centrais dos campi.

Com o número de mortos em Gaza subindo para quase 34.500, manifestantes de todo o mundo seguem o exemplo dado dos estudantes norte-americanos ao exigir que as escolas cortem os laços financeiros com Israel e se desvinculem de empresas coniventes com o genocídio do governo de Netanyahu.

Em Paris, na renomada universidade Sciences Po, manifestantes bloquearam na sexta-feira um prédio central do campus, forçando as aulas a serem ministradas online.

O primeiro protesto no campus do Canadá por Gaza foi organizado na Universidade McGill, em Montreal, onde os manifestantes exigem o desinvestimento de fundos “implicados no estado sionista, bem como um corte nos laços com instituições académicas sionistas”.

Na Austrália, estudantes do histórico campus Camperdown da Universidade de Sydney montaram um acampamento pró-Palestina na semana passada, apelando também à universidade para “cortar laços com os fabricantes de armas”.

“Governo extremista e racista”

Na semana passada, Netanyahu descreveu os manifestantes como “turbas anti-semitas que clamam pela aniquilação de Israel” e alegou que estavam a atacar estudantes e professores judeus. Suas alegações foram consideradas calúnias por figuras políticas, como o senador norte-americano Bernie Sanders, o membro judeu mais proeminente do Senado dos EUA.

Sanders chamou as afirmações de Netanyahu de “um insulto à inteligência do povo americano” e disse que o líder israelita usava falsas alegações de anti-semitismo para desviar a atenção das políticas do seu “governo extremista e racista” em Gaza, na Cisjordânia e dentro de Israel.

“Não, Sr. Netanyahu, não é anti-semita ou pró-Hamas apontar que, em pouco mais de seis meses, o seu governo extremista matou mais de 34.000 palestinos e feriu mais de 78.000, 70% dos quais são mulheres e crianças.”

Protestos em Tel Aviv

O primeiro-ministro israelense enfrenta uma pressão crescente em casa, com milhares de pessoas indo às ruas de Israel no sábado para exigir sua renúncia e prisão. Em Tel Aviv, três protestos separados convergiram perto do Azrieli Mall, enquanto dezenas de manifestantes, liderados por parentes de reféns, tentavam bloquear a rodovia Ayalon, informou o The Times of Israel.

Alguns manifestantes contornaram as barreiras policiais e outros acabaram em confrontos com a polícia. Sete manifestantes teriam sido presos.

As forças policiais de Netanyahu também atacaram escritórios locais do Partido Comunista de Israel e do Hadash (Frente Democrática para a Paz e Igualdade) neste fim de semana, num esforço para interromper as marchas planeadas do Primeiro de Maio que se centrarão nas exigências de cessar-fogo e do fim da ocupação.

A mensagem dos acampamentos chegou a Gaza

Mesmo que os estudantes internacionais se inspirem nos protestos dos EUA, os administradores de muitos campi dos EUA estão intensificando esforços para encerrar as manifestações. A polícia e até a Guarda Nacional foram chamadas e, em alguns locais, a repressão foi violenta, com dezenas de manifestantes detidos.

As negociações entre estudantes e administradores começaram na noite de sábado para encerrar o acampamento montado na Universidade Columbia, na cidade de Nova York, mas cenas de prisões em massa nos campi dos EUA continuaram a preencher os cronogramas das redes sociais até domingo e segunda-feira.

Em Boston, a polícia com equipamento de choque eliminou um acampamento no campus da Northeastern University no sábado. A Polícia Estadual de Massachusetts disse que cerca de 102 manifestantes foram presos e serão acusados de invasão de propriedade e conduta desordeira.

Enquanto isso, a mídia nos EUA tem trabalhado horas extras para demonizar os manifestantes estudantis.

A imprensa de direita denunciou-os como radicais anti-Israel e anti-semitas e relatou alegações infundadas de violência por parte dos manifestantes. Os meios de comunicação liberais procuraram culpá-los antecipadamente caso Trump vencesse em Novembro, desviando a culpa da Casa Branca e do apoio militar contínuo da administração Biden a Netanyahu.

Contudo, a mensagem dos acampamentos chegou a Gaza. Nos fins de semana, mensagens em inglês começaram a aparecer nas tendas e nos escombros de Rafah, demonstrando agradecimento pela solidariedade. “Obrigado pela Colômbia”, dizia uma mensagem pintada com spray na lateral da tenda de uma família de Gaza.

Com informações de People´s World

Tradução: Luciana Cristina Ruy

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