Lançada há mais de trinta anos a música Retrato de um Playboy ainda é atual. O playboy é um tipo velho conhecido. Um jovem de família rica que valoriza mais as coisas e o dinheiro do que as relações e a vida. O playboy padrão nasceu rico, embora eventualmente uma pessoa possa se tornar um playboy ao assumir os valores dos bem nascidos.
Ele vive em uma bolha de riqueza, não faz questionamentos sociais e acha que veio ao mundo por diversão. Acima de tudo, dedica-se a ostentar marcas e status. E tem como traços fundamentais o egocentrismo e o desprezo pelos outros. Especialmente se os outros forem mais pobres e não ajudarem a acumular status. É um alienado.
O playboy é um tipo social específico. Não é o rico, nem simplesmente o herdeiro. Mas sim aquele que se considera superior por esta condição.
A música visionária aponta que o playboy vive na farra e zomba dos trabalhadores, chegando a violentá-los física e verbalmente.
Infelizmente é uma situação que ocorria em 1993 e que ainda acontece com frequência. o playboy é um produto do capitalismo selvagem. Um arrogante que considera que tem direitos inatos. A música o abismo social do mundo capitalista.
Retrato de um playboy
(Compositor: Gabriel Contino/1993)
Interprete: Gabriel, o Pensador
Pergunta prum playboy o quê ele pensa da vida
Sabe o que ele te diz? (Se borra todo)
Não, mais ou menos assim
Sou playboy e vivo na farra
Vou à praia todo dia e sou cheio de marra
Só ando com a galera e nela me garanto
Só que quando estou sozinho eu só ando pelos cantos
Porque eu luto Jiu-Jitsu mas é só por diversão
É isso aí meu cumpádi, my brother, meu irmão
Se alguma coisa está na moda então eu faço também
Igualzinho a mim eu conheço mais de cem
Se eu faço tudo o que eles fazem então tudo bem
Não quero estudo, nem trabalho
Não vem que não tem
Porque eu sou um playboyzinho e disso não me envergonho
Não sei o que é a vida Não penso Não sonho
Praia, surf e chopp essa é a minha realidade
Não saio disso porque me falta personalidade
Não tenho cérebro
Apenas me enquadro no sistema
Ser tapado é minha sina
Ser playboy é o meu problema
Faço só o que os outros fazem e acho isso legal
Arrumo brigas com a galera e acho sensacional
Me olho no espelho e me acho o tal
Mas não percebo que no fundo eu sou um débil mental
Porque eu sou playboy filhinho de papai
Me afundo nessa bosta
Até não poder mais
Sou playboy filhinho de papai
Sou um débil mental
Somos todos iguais
Eu sou playboy filhinho de papai
Me afundo nessa bosta
Até não poder mais
Sou playboy filhinho de papai
Sou um débil mental
Somos todos iguais
Com a cabeca raspada ou cheia de parafina
Eu tiro onda porque acho que sou gente fina
Mas na verdade eu pertenço à pior raça que existe
Eu sou playboy! Penso que sou feliz mas sou triste
Eu sou pior que uma praga eu sou pior que uma peste
Eu tô em qualquer lugar da superfície terrestre
E digo aonde a playboyzada prolifera-se a mil
É num país capitalista pobre como o Brasil
Onde não somos patriotas ou nacionalsitas
Gosto das cores dos States com as estrelas e as listras
E o que eu sinto pelo país é o que eu sinto pelo povo
Olha só que legal quando eu pego um ovo
E entro no carro com os amigos e levo o ovo na mão
Olha o ponto de ônibus
Freia aí, meu irmão!
E eu taco o ovo bem na cara de um trabalhador
Que esperava o seu ônibus que passou e não parou
Que maneiro eu não ligo pra quem tá sofrendo
Em vez de eu dar uma carona eu deixo o cara fedendo
Que legal se um mendigo me pede um cigarro
É apenas um motivo pra eu tirar mais um sarro
Sacanear um mendigo é a maior diversão
Não tem problema há quantos dias ele não come um pão
E por falar em pão que eu como todo dia
Eu me lembrei da empregada que se chama Maria
Ela me dá comida, me dá roupa lavada
Mas quando eu tô presente ela é sempre humilhada
Você precisa ver como eu trato a coitada
Eu a rebaixo, a esculacho e fico dando risada
Porque eu sou playboy filhinho de papai
Me afundo nessa bosta
Até não poder mais
Sou playboy filhinho de papai
Sou um débil mental
Somos todos iguais
Eu sou playboy filhinho de papai
Me afundo nessa bosta
Até não poder mais
Sou playboy filhinho de papai
Sou um débil mental
Somos todos iguais
Eu não sei nada dessa vida e desse mundo onde estou
E é quando eu saio de noite que eu vejo o merda que eu sou
Sem ter o que fazer, sem ter o que pensar
Eu encho a cara de bebida até vomitar
E os meus falsos amigos que vão lá me carregar
São os mesmos que depois só vão me sacanear
Mas na cabeca da galera também não tem nada
Somos um bando de merdas dentro da mesma privada
É até engracado
Eu não decido nada
Pela moda sou guiado
Adoro reggae mas não sei o que Bob Marley diz
E se eu soubesse talvez não fosse tão infeliz
Porque eu sou um otário a minha vida não presta
Inteligência?
Não tenho, a burrice é o que me resta
Mas agora dá licença que eu vou parar
Minha cabeca tá doendo
Eu vou descansar
E esse lugar tá fedendo
Quem mandou eu pensar? Porque…
Eu sou playboy filhinho de papai
Me afundo nessa bosta
Até não poder mais
Sou playboy filhinho de papai
Sou um débil mental
Somos todos iguais
Eu sou playboy filhinho de papai
Me afundo nessa bosta
Até não poder mais
Sou playboy filhinho de papai
Sou um débil mental
Somos todos iguais
Esse é o retrato da nossa juventude
Seja o playboy da maconha ou o playboy da saúde
E se cuidarmos assim do futuro do Brasil
Vamos levar este país para a puta que o pariu
Fonte: Centro de Memória Sindical