A produção industrial brasileira variou 0,1% na passagem de agosto para setembro, após assinalar 0,2% no mês anterior e -0,3% em julho.
A principal influência positiva no resultado desse mês veio da atividade de indústrias extrativas, com alta de 5,6%. Em relação a setembro de 2022, a indústria nacional apresentou alta de 0,6%.
No ano, apresentou acumulado de -0,2% e, nos últimos 12 meses, variação nula (0,0%). Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada hoje (1) pelo IBGE.
“O resultado de setembro da produção industrial nacional marca o segundo mês seguido de crescimento, mas não altera o comportamento de menor dinamismo que a caracteriza nos últimos meses.
Para além disso, no índice desse mês, observa-se predomínio de taxas negativas, alcançando três das quatro grandes categorias econômicas e 20 dos 25 ramos industriais investigados”, destaca o gerente da pesquisa, André Macedo.
O pesquisador salienta ainda que, mesmo com os dois meses seguidos de resultados positivos, o setor industrial ainda se encontra 1,6% abaixo do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020) e 18,1% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011.
“Em linhas gerais, taxa de juros elevada, mesmo com o movimento de redução verificado nos últimos meses, nos ajuda a entender esse comportamento do setor industrial, com influência direta sobre as decisões de investimento, por parte das empresas, e de consumo, por parte das famílias. Para além disso, explica o crédito ainda caro e as elevadas taxas de inadimplência”, completa.
Entre as atividades, a influência positiva mais importante foi assinalada por indústrias extrativas, que avançaram 5,6% nesse mês, após acumular perda de 5,6% no período julho-agosto de 2023.
Outras contribuições positivas relevantes sobre o total da indústria vieram de produtos químicos (1,5%) e de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (0,5%).
“O setor de indústrias extrativas, para além da baixa base de comparação, visto que vinha de duas quedas em sequência, ainda foi favorecido pela maior extração de petróleo e minérios de ferro nesse mês. Esse segmento representa aproximadamente 15% da indústria total e exerce o principal impacto positivo no consolidado do ano”, ressalta Macedo.
Já entre as vinte atividades que apontaram redução na produção estão:
- produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-16,7%),
- máquinas e equipamentos (-7,6%) e
- veículos automotores, reboques e carrocerias (-4,1%)
Essas atividades exerceram os principais impactos em setembro de 2023, com a primeira interrompendo dois meses consecutivos de expansão na produção, período em que acumulou ganho de 30,2%.
As duas últimas voltaram a recuar após registrarem avanços no mês anterior: 4,9% e 5,7%, respectivamente.
“Pelo lado da indústria farmacêutica, esse setor caracteriza-se pela alta volatilidade. Quedas e avanços elevados em sequência são comuns ao longo da série. Para além disso, o recuo de dois dígitos desse mês guarda relação importante com o avanço de 30,2% acumulado nos meses de julho e agosto de 2023”, analisa o gerente da pesquisa.
Macedo pontua ainda que os 3 ramos que mais influenciaram negativamente o setor industrial nesse mês também exerceram impactos positivos relevantes em agosto último. E essa tem sido uma característica da produção ao longo do ano: quedas e avanços que se eliminam.
“Isso também acontece com a indústria geral e fica bem caracterizado quando comparamos o patamar de setembro de 2023, que é o mesmo de maio desse ano, com o de dezembro de 2022: verifica-se um saldo positivo de somente 0,3%. Ou seja, passados 9 meses de 2023, a indústria só avançou 0,3% frente ao patamar que havia encerrado o ano de 2022”, esclarece.
Atividade industrial avança 0,6% na comparação interanual
Na comparação com igual mês do ano anterior, o setor industrial assinalou avanço de 0,6% em setembro de 2023, com resultados positivos em duas das quatro grandes categorias econômicas, 10 dos 25 ramos, 28 dos 80 grupos e 38,8% dos 789 produtos pesquisados.
Vale citar que setembro de 2023 (20 dias) teve 1 dia útil a menos do que igual mês do ano anterior (21).
As principais influências positivas no total da indústria foram registradas por coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (11,3%), indústrias extrativas (9,1%) e produtos alimentícios (6,7%).
Vale destacar também a contribuição positiva assinalada pelo ramo de impressão e reprodução de gravações (17,3%).
Por outro lado, ainda na comparação com setembro de 2022, entre as quinze atividades que apontaram redução na produção, veículos automotores, reboques e carrocerias (-15,8%) e máquinas e equipamentos (-12,4%) exerceram as maiores influências na formação da média da indústria.
Outros impactos negativos importantes foram assinalados por:
- máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-11,5%),
- equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-12,0%),
- produtos químicos (-3,0%),
- confecção de artigos do vestuário e acessórios (-10,0%),
- couro, artigos para viagem e calçados (-13,4%),
- produtos de metal (-6,9%),
- produtos de minerais não metálicos (-6,6%),
- produtos diversos (-12,3%) e
- produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-5,2%).
Mais sobre a pesquisa
A PIM Brasil produz indicadores de curto prazo desde a década de 1970 relativos ao comportamento do produto real das indústrias extrativa e de transformação.
A partir de março de 2023, teve início a divulgação da nova série de índices mensais da produção industrial, após reformulação para atualizar a amostra de atividades, produtos e informantes; elaborar uma nova estrutura de ponderação dos índices com base em estatísticas industriais mais recentes; atualização do ano base de referência da pesquisa; e a incorporação de novas unidades da federação na divulgação dos resultados regionais da pesquisa.
Essas alterações metodológicas são necessárias e buscam incorporar as mudanças econômicas da sociedade. Os resultados da pesquisa também podem ser consultados no banco de dados Sidra. A próxima divulgação da produção industrial – Brasil será em 1º de dezembro.