
Raimundo Fagner, cantor e compositor brasileiro
A música percorre um caminho, com muita poesia, acerca do papel determinado para o homem na sociedade. Que ele deve reprimir suas emoções, que isso se torna um peso, que ele traz dentro de si o menino que já foi, mas que também precisa abafá-lo para ser o guerreiro que o mundo exige. Esse caminho chega a um ponto essencial: o homem é forjado pelo seu trabalho. Seus sonhos são aniquilados, sua alma é subjugada já que “a vida é o trabalho”.
Menino Guerreiro
(Composição: Luiz Gonzaga Jr/1983)
Intérprete: Raimundo Fagner
Um homem também chora
Menina morena
Também deseja colo
Palavras amenas
Precisa de carinho
Precisa de ternura
Precisa de um abraço
Da própria candura
Guerreiros são pessoas
São fortes, são frágeis
Guerreiros são meninos
No fundo do peito
Precisam de um descanso
Precisam de um remanso
Precisam de um sonho
Que os tornem refeitos
É triste ver este homem
Guerreiro menino
Com a barra de seu tempo
Por sobre seus ombros
Eu vejo que ele berra
Eu vejo que ele sangra
A dor que traz no peito
Pois ama e ama
Um homem se humilha
Se castram seu sonho
Seu sonho é sua vida
E a vida é o trabalho
E sem o seu trabalho
Um homem não tem honra
E sem a sua honra
Se morre, se mata
Não dá pra ser feliz
Não dá pra ser feliz
Fonte: Centro de Memória Sindical
Luciano Kneip Zucchi
Linda letra, um hino ao trabalhador brasileiro.
Porém fica melhor na voz de seu autor o Gonzaguinha, até porque o querido Fagner cometeu alguns equívocos em suas análises políticas nestes últimos anos, coisa que o Gonzaguinha, um ”Verdadeiro Guerreiro menino”, antenado com seu mundo, jamais teria feito.
Luciano Zucchi