A atual situação política do país e as perspectivas da classe trabalhadora servirão de base para construção da Convenção Coletiva 2023/2025 dos trabalhadores de postos de combustíveis do Estado do Rio de Janeiro, com data-base em 1º de junho. Dirigentes dos três sindicatos da categoria se reuniram, nesta terça-feira (11), na sede do SINPOSPETRO-RJ, em Vila Isabel, Zona Norte do Rio, para alinhar ações e estratégias de luta.
O economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Paulo Jageer, fez uma análise da conjuntura econômica mundial. A pandemia e a guerra da Ucrania, segundo ele, provocaram o aumento dos preços e a alta da inflação global, o que gerou uma incerteza econômica. Para conter a inflação global, que atingiu 10%, vários países elevaram as taxas de juros. Paulo Jageer, no entanto, disse que no Brasil a situação ficou mais difícil porque o governo Bolsonaro adotou medidas erradas, o que resultou no aumento dos preços dos produtos.
Paulo Jageer criticou a política econômica do Banco Central que favorece os especuladores do mercado financeiro. Segundo ele, com a taxa de juros em 13,75%, os investidores obtêm lucro real de 8% ao ano.
“O Brasil pagou R$ 620 bilhões de juros, nos últimos doze meses. A alta da taxa de juros trava a economia do país. O empresário deixa de investir na ampliação da capacidade produtiva, para não correr o risco relacionado ao negócio, e ganha muito ao aplicar em títulos do Tesouro” finalizou.
NEGOCIAÇÃO
O aumento da venda de combustíveis no primeiro bimestre de 2023 e a perspectiva da retomada da produção na indústria automobilística favorecem a negociação da categoria, afirmou o economista. Paulo Jageer disse que os dados referentes às negociações salariais nos dois primeiros meses do ano são satisfatórios. De acordo com ele, a maioria das categorias conquistou aumento real de até 0,8%, somente 10% tiveram reajuste abaixo da inflação. Paulo advertiu que, apesar da inflação mais baixa, o custo de vida ainda é elevado, o que acaba causando uma defasagem nos salários.
AÇÃO
O presidente do SINPOSPETRO-RJ, Eusébio Pinto Neto, disse que as entidades só irão garantir novas conquistas com a mobilização e a participação efetiva da categoria. “Eu nunca vi avanços na mesa de negociação, sem a pressão dos trabalhadores. As conquistas são fruto da luta de classe. Nossa categoria interage bem com o público, por isso temos que levar as nossas reivindicações à sociedade” frisou.
Alexsandro Santos, presidente do Sindicato dos Frentistas de Niterói e Região, acrescentou que a construção de uma pauta única fortalecerá a luta da categoria.
O presidente do Sindicato dos Frentistas de Campos dos Goytacazes e Região, Valdeci Guimarães, apresentou um esboço de uma pesquisa feita nos postos de combustíveis com as reivindicações dos trabalhadores.