A BRF anunciou que férias coletivas dos trabalhadores da unidade de Capinzal, no Oeste de Santa Catarina. O número é incerto, mas são mais de três mil pessoas que trabalham no abate de aves na cidade. O cenário não é isolado. Outras unidades também poderão ter as atividades suspensas no estado, Chapecó e Concórdia, e a Aurora em Aberlado Luz, aumentando o número para 12 mil trabalhadores da empresa que também devem cumprir férias coletivas.
A situação deve ser agravar caso a BRF não resolva os problemas sanitários na unidade de Goiás, onde foi realizada a Operação Trapaça, realizada pela Polícia Federal. Em todo o país milhares de trabalhadores devem ficar desempregados se a empresa não retomar o abate de aves.
Assim como já aconteceu com a JBS, a operação da Carne Fraca não puniu unicamente os fraudadores, acabou prejudicando os trabalhadores.
Depois da suspensão das exportações para a União Européia, determinada no início do mês pelo Ministério da Agricultura, a BRF que é a responsável por 5% das exportações de frango, passa por sérias complicações.
Sem ter como armazenar a produção que já estava prestes a embarcar para a Europa, e o mercado brasileiro sem condições de absorver os produtos, gera uma crise sem procedentes.
As granjas e os abatedouros tentam ajustar o abate, já no caso dos suínos a situação é ainda mais grave, pois não existe a possibilidade e parar a produção.
Só a BRF emprega mais de 10 mil trabalhadores de forma direta em SC e eles estão de dias contados. Com os estoques altos e previsão de recessão, toda a economia catarinense, que ficou inabalável graças a indústria da alimentação, pode chegar ao fim.
Além disso, quando as exportações caem, a balança comercial brasileira fica em desvantagem, agravando a crise política/econômica.
Outra situação preocupante é a má gestão da empresa. A administração da BRF amarga o prejuízo de R$ 1 bilhão e a imagem arranhada. Mais triste ainda é saber que o estado que mais sente a crise, apesar de ter o controle sanitário em dia, é Santa Catarina, já que são pequenos produtores e familiares que são fornecedores da BRF.
Assim como o grupo que administra a marca, nós, representantes dos trabalhadores exigimos a mudança da gestão da BRF, para melhorar a imagem e pelo bem dos empregos da agroindústria brasileira, pois se não houver melhora nesse quadro, num futuro bem próximo muitos trabalhadores serão demitidos..
Osvaldo Mafra é Presidente da Força Sindical SC