O Encontro Internacional de Organizações Sindicais, organizado pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral do Vaticano, foi encerrado na sexta (24), em Roma. O evento reuniu delegações de mais de 40 países, dirigentes sindicais de todo o mundo, especialistas nas ciências sociais e representantes de movimentos cristãos de trabalhadores.
Foram dois dias de debates, com o tema “Da Populorum Progressio à Laudato si. O trabalho e o movimento trabalhista no centro do desenvolvimento integral, sustentável e solidário”.
A Agência Sindical acompanhou o evento e ouviu dois representantes brasileiros: José Pereira dos Santos, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região, que representou a Força Sindical; e Lourenço Prado, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito (Contec), que participou pela UGT.
Segundo Pereira, o clima dos debates foi de entusiasmo. “Vejo muita vontade de que essa união com a Igreja se transforme em ações nos países. Entendo que um evento desse porte, com altas autoridades do catolicismo, é um reconhecimento ao papel dos Sindicatos nas lutas por direitos e inclusão”, afirma.
O sindicalista destacou que o centro das preocupações do encontro, coordenado pelo presidente do Dicastério cardeal Peter Turkson, foi refletir e pensar agendas que priorizem a pessoa e sua dignidade, além de políticas públicas voltadas ao seu desenvolvimento. “A mensagem do cardeal é de valorização do trabalho, enquanto meio de realização pessoal, acesso à renda e uma mais justa distribuição da riqueza”, destaca Pereira.
Para Turkson, é necessário promover um trabalho digno com a colaboração dos Sindicatos. “O fato que a tecnologia subtraia trabalho ao ser humano é um desafio para o mundo moderno. O risco é que homens e mulheres façam um trabalho escravizado”, lembra.
“A Igreja é ampla. Ela não se relaciona só com os movimentos sociais ou o sindicalismo. O que buscamos é uma aproximação maior dentro daquilo que é nosso campo, como a defesa do emprego decente, a inclusão social e a distribuição de renda”, observa Lourenço Prado.
Carmen Foro, representante da CUT, disse que o evento foi importante para fortalecer a luta contra a perversidade do capital. “A realidade dos trabalhadores brasileiros é grave, de retrocesso absoluto de tudo o que conquistamos até este momento. No Brasil, hoje há a aprovação e a aceitação do trabalho escravo pelo governo. Há destruição do Estado, das leis do trabalho, a tentativa de reformas que retiram um conjunto de direitos”, diz.
Fonte: Agência Sindical