PUBLICADO EM 11 de set de 2023

Lula recebe proposta de CLT para 12 milhões de servidores

Anteprojeto de lei da CSPB tem respaldo do governo federal, que buscará apoio na câmara e senado para beneficiar 12 milhões de servidores

‘marco regulatório’ “Será a CLT (consolidação das leis do trabalho) dos 12 milhões de servidores públicos municipais, estaduais e federais

Aprovado em congresso nacional da CSPB (Confederação dos Servidores Públicos do Brasil), o ‘marco regulatório’ das relações de trabalho do funcionalismo será analisado pelo presidente Lula.

O anteprojeto, com 124 artigos, foi deliberado na quinta-feira (31), em Brasília, no encerramento do primeiro congresso extraordinário da CSPB e encaminhado ao governo na segunda-feira (4).

“Será a CLT (consolidação das leis do trabalho) dos 12 milhões de servidores públicos municipais, estaduais e federais”, diz Fábio Pimentel, eleito diretor da confederação e um dos principais articuladores do ‘marco’.

Ele é presidente do sindicato dos 11 mil servidores municipais e 7 mil aposentados da prefeitura e câmara de Santos. “É um projeto tão profundo que trata até de inteligência artificial”, diz.

Na ‘live’

No próximo programa semanal do Sindest ao vivo pelo Facebook, Youtube e Instagram, às 19 horas de segunda-feira (11), o assunto será o congresso da CSPB e o documento.

O evento nacional, segundo Fábio, atingiu seus objetivos, baseados em três seminários que o antecederam, em São Paulo, no primeiro semestre. “O texto chegou praticamente pronto ao congresso”.

O sindicalista explica que as negociações coletivas com os poderes executivo, legislativo e judiciário municipais, estaduais e federais são o principal ponto da proposta.

Decreto de Lula

Ela é inspirada na convenção 151-1978 da OIT (organização internacional do trabalho), ratificada pelo Brasil no segundo governo Lula, em 2010, mas até agora não regulamentada.

A propósito, o presidente assinou em 28 de agosto, um dia antes do início do seminário da CSPB, decreto que cria grupo de trabalho (gt) interministerial para debater a regulamentação da convenção 151.

O ‘gt’ é composto por representantes do governo, lideranças sindicais do serviço público e órgãos de controle com objetivo de propor medidas que assegurem regulamentar definitivamente a convenção.

Liberdade e autonomia

Por décadas, essa é uma das principais reivindicações da CSPB, que completou 64 anos na semana passada. “O governo nos brindou com essa notícia bem na véspera do congresso”, comemora Fábio.

O sindicalista revela que o ‘marco’ viabiliza também o direito de greve e a autorregulação que garante às entidades sindicais, e não aos governos, decidir o que é inerente às suas atividades.

Esse ponto, segundo ele, trata ainda do custeio sindical para negociações e sustentabilidade das entidades, fortalecendo-as com a viabilização da liberdade e autonomia.

Rumo ao Sesp

O texto qualifica os atos antissindicais como criminosos, bem como o assédio e outras violências contra o funcionalismo. Aborda ainda a segurança do trabalho.

Há um capítulo específico sobre automação e inteligência artificial que demonstra, segundo o sindicalista, a atualidade do texto na defesa dos interesses da categoria.

Outro ponto positivo é a criação do serviço social de qualificação do setor público (Sesp). “Não temos o Sesc e o Sesi no chamado ‘sistema s’? Então, por que não um do servidor?”, questiona Fábio.

Projeto ambicioso

“O servidor é tão trabalhador quanto os comerciários e os industriários. Além disso, nosso desconto de Pasep chega ao Sesc e ao Sesi, onde conseguimos ser sócios como se fosse um favor”.

Para ele, é um projeto “ambicioso. Acreditamos que o governo o enviará aos poucos para o congresso nacional, tratando primeiro das negociações salariais e suas derivações, como a greve”.

O presidente do Sindest pondera que, após décadas esperando por esse momento, as direções sindicais do funcionalismo têm paciência em relação aos demais pontos do ‘marco’.

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