De acordo com reportagem do jornal O Globo, nos últimos meses, o petista se reuniu com a cúpula da Força Sindical, com o ex-presidente José Sarney (MDB), com o presidente do PSD, Gilberto Kassab, e com o prefeito de Diadema, José de Filippi Júnior, entre outras lideranças.
Dirceu, que está com os direitos políticos suspensos por causa das condenações judiciais que o enquadram na Lei da Ficha Limpa, participou de atos contra o presidente Jair Bolsonaro em Brasília e em São Paulo.
O ex-ministro da Casa Civil do governo Lula não tem mais o capital político que já teve dentro do PT, mas ainda é considerado uma figura respeitada internamente e exerce certa influência em posições assumidas pelo partido. No fim do ano passado, quando tentava obter o apoio dos petistas par sua candidatura à Presidência da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) o procurou.
Dirceu afirmou que faz “visitas para agradecer o apoio e solidariedade” que recebeu no período em que esteve preso. “Não tenho mandato nem sou da direção do PT e não tenho delegação para tanto”, afirmou ao diário.
Na conversa com a cúpula da Força Sindical, em São Paulo, no dia 13, ele aconselhou os dirigentes a buscarem alianças fora do campo da esquerda nas manifestações contra o governo. Enfatizou a necessidade de união das forças democráticas para retirar Bolsonaro da Presidência e disse que as eleições são assunto para 2022.
Segundo o secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalves, Zé Dirceu defende uma mobilização que inclua partidos de centro, adversários como o PSDB, o movimento estudantil e entidades como a OAB.
“Ele [Dirceu] disse que a esquerda não vai resolver as coisas sozinha. Falou de fazer uma aliança forte e abrir diálogo com outros campos. Também frisou que temos que procurar não só o apoio da CNBB [Conferência Nacional dos Bispos do Brasil], mas encontrar entendimento com os evangélicos”, disse Juruna, como é conhecido o dirigente sindical.
Então presidente do PT, Dirceu coordenou a campanha vitoriosa de Lula ao Palácio do Planalto em 2002. Indicado para o comando da Casa Civil, disputava com Antonio Palocci, à frente da Fazenda, o posto de homem mais forte do governo. Os dois, inclusive, travavam uma disputa pela vaga de sucessor de Lula.
Ele deixou o governo em 2005 após ser acusado de comandar o esquema de repasses de mesadas a deputados. Em seguida, teve o mandato de deputado cassado. Em 2012, foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 7 anos e 11 meses de prisão. Começou a cumprir a pena no ano seguinte. Em 2016, teve a pena extinta por um decreto presidencial de indulto natalino.
O ex-ministro foi condenado duas vezes pela Justiça Federal do Paraná e teve as sentenças confirmadas em segunda instância por crimes como corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ao todo, as penas somam quase 40 anos, mas ele, que nega as acusações, pode recorrer em liberdade.
Fonte: A Tarde