Um levantamento publicado nesta segunda-feira (6), mostra o crescimento da violência contra a mulher brasileira nos últimos anos. Realizado em sete estados, o estudo “Elas Vivem: dados que não se calam”, baseado em dados Rede de Observatórios da Segurança, aponta que a cada dia do ano passado houve pelo menos uma morte por feminicídio nesses estados.
Ao todo, 495 mulheres foram assassinadas e 2.423 foram vítimas de violência na Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo. A cada quatro horas, uma mulher desses estados sofreu algum tipo de violência.
Na maior parte dos casos – 75% – o agressor é o próprio companheiro da vítima ou os ex-companheiros.
Ranking da violência
De acordo com o estudo, o estado de São Paulo lidera o número de casos. Foram 898 vítimas de algum tipo de violência, um a cada dez horas. Pernambuco aparece em segundo lugar, com um total de 225 casos de violência. O estado também é líder em assassinatos de pessoas trans.
Já a Bahia lidera no número de mortes, com um total de 91 assassinatos de mulheres. No Rio de Janeiro, o número de casos aumentou 45% em relação ao ano anterior. O levantamento mostra um caso de violência a cada 17 horas.
Veja os totais de casos de violência, que incluem as agressões e os assassinatos:
- São Paulo: 898 casos (58%)
- Rio de Janeiro: 545 casos (22%)
- Bahia: 316 (13%)
- Pernambuco: 225 casos (9%)
- Maranhão: 165 casos (6%)
- Ceará: 161 casos (6%)
- Piauí: 113 (4%)
Quem é o agressor
Na maior parte dos registros localizados nos sete estados, o agressor é o companheiro ou ex-companheiro das vítimas. São eles os responsáveis por 75% dos casos de feminicídio. As principais motivações são brigas e términos de relacionamento. Mas tem outros familiares listados como agressores, entre eles, os irmãos.
Formas de violência contra a mulher
O estudo mostrou que a agressão física foi a causa de 987 dos casos de violência contra a mulher, ou seja, a maior parte. Outros 282 casos se deram por meio de violência sexual e estupro, 216 foram violência verbal e 145 por cárcere privado e tortura.
As diversas faces da violência incluem, além das agressões físicas, praticadas na grande maioria das vezes por seus parceiros, a violência psicológica como o assédio moral, a violência dada pela discriminação e pela desigualdade nos mais diversos espaços, inclusive o mercado de trabalho e pela violência patrimonial, situação em que agressor age para violar a independência da mulher.
Outro estudo
Uma outra pesquisa, realizada pelo Datafolha e pelo Fórum Nacional de Segurança Pública mostra que, em todo o Brasil, 699 mulheres morreram vítimas de feminicídio somente no primeiro semestre de 2022.
O índice é 10,8% maior que no mesmo período de 2019, primeiro ano da gestão de Jair Bolsonaro (PL)
Dia 8 de Março, dia de alertar contra essa violência
No Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, a CUT, centrais e movimentos de mulheres farão atos em diversas cidades do país. Veja abaixo a relação de locais.
Além disso, o governo federal, por meio do Ministério da Mulher, deverá lançar um conjunto de medidas de proteção à mulher que envolverá todos os ministérios e que se refere à luta contra a violência e pela igualdade de gêneros em todos os espaços da sociedade, inclusive o mercado de trabalho. O evento está previsto para às 11h, no Palácio do Planalto, com a presença de ministros e várias lideranças femininas.
Confira os atos do dia 8 de março em todo o país:
Alagoas: Concentração para o ato na Praça Centenário, em Maceió, às 15h.
Bahia: caminha da Lapinha ao Pelourinho (trajeto 2 de Julho), em Salvador. Tema será “Mulheres insubmissas protagonistas da democracia”
Ceará: ato na Praça do Ferreira, em Fortaleza, a partir das 14h. às 16 haverá caminhada e panfletagem. O tema é “Pela vida das mulheres! Democracia, territórios e direitos: Contra a fome, a violência, o racismo e sem anistia para golpistas.
Distrito Federal: Marcha com concentração no Eixo Cultural Íbero-americano (antiga Funarte), em Brasília, às 16h. De lá, as mulheres seguem até o Palácio do Buriti, para exigir do GDF políticas de enfrentamento à violência de gênero.
Mato Grosso do Sul: Ato às 8h na Praça Ari Coelho, em Campo Grande. O tema é “Mulheres em Resistência, Sempre Vivas e contra todas as Formas de Violência”.
Minas Gerais: ato a partir das 16h, na Praça Liberdade, em Belo Horizonte. Caminhada às 17h pelas ruas da cidade.
Paraná: Marcha das Mulheres, com concentração a partir das 16h na Praça Santos Andrade, em Curitiba. Às 18h, acontecerá um ato da Frente Feminista de Curitiba, Região Metropolitana e Litoral. Às 19h, ocorrerá a Marcha das Mulheres e seguirá em caminhada até a Boca Maldita para o ato de encerramento
Em Londrina, ato a partir das 17h30 no Calçadão em frente às Lojas Pernambucanas
Rio Grande do Sul: marcha será realizada às 17h, com concentração na Praça Matriz, em Porto Alegre, a partir das 14h. Ao longo do dia outras atividades também serão realizadas, inclusive uma audiência com o governador Eduardo Leite (PSDB)
São Paulo: ato às 17h no Vão Livre do Masp, na Avenida Paulista. “Mulheres em defesa da Democracia” será a bandeira levada às ruas. Antes, às 15h, haverá atividade no Espaço Cultural Lélia Abramo, na Rua Carlos Sampaio, 305 (próximo à Paulista).
Sergipe: concentração com café da manhã, a partir das 7h, na Pça General Valadão, em Aracaju. Haverá caminhada pelas ruas da cidade, além de panfletagem e diálogo com a população. Estão previstas apresentações culturais do Grupo Folclórico do Sintese e de mulheres artistas de Sergipe na Pça General Valadão.
Fonte: Redação CUT