Com mais de 76 mil casos confirmados, a pequena Roraima, no Norte do país, já teve 12% da sua população infectada pelo coronavírus.
Morada de 600 mil pessoas, é o estado brasileiro com o maior número de contaminados por 100 mil habitantes. Até o momento a taxa de letalidade é de 1,2%, totalizando 924 óbitos.
Roraima ocupa hoje o sexto lugar no ranking de mortes por 100 mil habitantes, ficando atrás apenas do Amazonas, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Mato Grosso e Espírito Santo.
São 76.327 casos confirmados e 924 mortes em decorrência do vírus, segundo dados divulgados pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) nesta quarta-feira (10).
Boa Vista, capital do estado, lidera com o maior número de mortes: foram 675 até o momento. Em seguida, Rorainópolis registrou 33 e Pacaraima, que faz fronteira entre Brasil e Venezuela, atingiu a marca de 30 mortes por covid-19. Todas as cidades do estado já registraram mortes em decorrência do vírus.
Em Roraima, o vírus atinge também crianças e recém-nascidos. Até o momento 12 mortes foram registradas em crianças com menos de 1 ano. Quatro crianças de até 9 anos também faleceram no estado.
Dentre os óbitos, 9 nacionalidades. Os registros mostram, além dos 867 brasileiros, 45 da Venezuela, 3 do Peru, 3 da Guiana Inglesa, 2 da Colômbia e Paraguai, Chile, Cuba e Grécia registraram uma morte cada no estado.
De acordo com os boletins epidemiológicos da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), depois de registrar 100% de ocupação em todos os leitos adultos, tanto clínicos como semi-intensivo e UTI, do estado na última semana, Roraima tem hoje 10 vagas de UTI disponíveis no Hospital Geral de Roraima (HGR).
Em nota a Sesau informou que “em Roraima a taxa de ocupação para os leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) adulto é de 88% e UTI para RN (recém-nascidos) é de 25%, tratamento semi-intensivo possui ocupação de 100% e leitos clínicos 70% de ocupação para leitos adulto e 68% para RN (recém-nascidos)”.
No início da pandemia, Roraima tinha apenas 30 leitos de UTI adulto disponíveis no estado. Hoje a oferta é de 82 adultos e 10 infantis no Hospital da Criança Santo Antônio.
Segundo Pedro Tourinho, médico sanitarista e professor de saúde pública da PUC-Campinas, um sistema de saúde colapsa quando perde a capacidade de atender seus pacientes.
“Se um paciente recebe condições inferiores de assistência em relação ao que ele necessita naquele momento, ele pode morrer na espera. E essa espera de 24, 48 ou até 72h de espera revela o colapso daquele sistema, já que esta situação faz com que os profissionais tenham que escolher quem terá acesso ao leito”, explica.
“Existem diversos níveis de colapsos, alguns num grau menor, como foi na Itália, e outros num grau mais grave como foi em Manaus, que atingiu uma outra dimensão. A catástrofe sanitária enfrentada pelo estado amazonense resultante da falta de oxigênio é o maior colapso vivenciado por um sistema local em qualquer lugar do planeta”, pontua Tourinho.
Indígenas
De acordo com o Comitê Nacional de Vida e Memória Indígena, até o momento foram registradas 93 mortes indígenas em Roraima em decorrência do vírus.
No Brasil já foram registrados até o momento mais de 48 mil casos confirmados e 958 óbitos por covid-19. Foram 161 povos diferentes atingidos até a tarde de quarta-feira (10).
Em Roraima foram registrados falecimentos de indígenas Macuxi (19), Taurepang (2), Wapichana (7), Warao (2), Wai Wai (2) e Yanomami (9).
Hospital de Campanha
Depois de 6 adiamentos, a Área de Proteção e Cuidados (APC), que abrigava o Hospital de Campanha, foi inaugurada em 17 de junho de 2020 em Boa Vista, capital de Roraima.
Na unidade foram oferecidos serviços de atenção básica e especializada a brasileiros e venezuelanos, sob gestão da Força-Tarefa Logística Humanitária, com a cooperação da Prefeitura de Boa Vista, o Governo do Estado de Roraima e a Universidade Federal de Roraima (UFRR).
Segundo a Operação Acolhida do Exército Brasileiro, a estrutura de saúde possibilitou o atendimento a 5.942 pessoas, das quais 658 eram venezuelanos (11%).
De acordo com a Operação Acolhida, a APC encerrou suas atividades em 4 de dezembro de 2020. Com a desativação da estrutura, foram cedidos ao governo de Roraima 200.026 ítens, entre insumos hospitalares (104.120 equipamentos de proteção individual, por exemplo), material permanente (180 camas hospitalares, 1.070 jogos de roupa de cama, entre outros) e medicamentos (84.984).
A Área de Proteção (AP) foi adequada para funcionar como um novo abrigo para os migrantes e refugiados venezuelanos e, também, para a instalação do Núcleo de Saúde da Acolhida.
Já a Área de Cuidados (AC), onde funcionava o Hospital de Campanha, foi assumida pelo governo de Roraima. De acordo com a Sesau, o Hospital Estadual (antiga AC) está em funcionamento desde o mês passado, recebendo pacientes estáveis que já estão sendo assistidos no HGR e que apresentam de critério clínico para continuar o tratamento em um hospital de retaguarda.
O local possui 120 leitos clínicos que estão sendo utilizados conforme a demanda relacionada à covid-19.
Reforma do Hospital Geral de Roraima
O governo estadual informou que o Bloco E do HGR está em reforma e deve ser entregue à população ainda no primeiro semestre de 2021, ampliando a estrutura de atendimento com a oferta de 120 leitos de enfermaria, 40 de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e 10 centros cirúrgicos.
Segundo a nota, “o andamento da obra não impede o tratamento de pacientes com covid-19, uma vez que o bloco em construção não fica dentro da unidade hospitalar”.
Barreiras Sanitárias e testagem da população
Com o aumento exponencial dos casos confirmados no estado, foram instaladas barreiras sanitárias para reforçar o monitoramento epidemiológico e a identificação precoce de novos casos.
Até o momento 22.884 pessoas foram abordadas nas barreiras sanitárias implantadas, sendo 9.488 pessoas no aeroporto e 13.396 na barreira do Jundiá, que fica localizada em Rorainópolis, divisa com o Amazonas.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, Roraima adquiriu 120 mil testes rápidos e realizou a testagem em massa da população, tanto na capital quanto nos demais 14 municípios.
Falta de Oxigênio
De acordo com o governo estadual, Roraima até o momento não solicitou oxigênio da Venezuela e segue em contato direto com seus fornecedores para manter a continuidade no abastecimento, que ocorre 3 vezes na semana.
Fonte: Brasil de Fato