Depoimentos prestados à Polícia Federal confirmam a existência de uma trama golpista no alto escalão do governo anterior, com ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica apontando Jair Bolsonaro como peça central das conspirações.
O ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), levantou o sigilo sobre os depoimentos nesta sexta-feira (15). Eles fazem parte da investigação sobre uma suposta trama golpista envolvendo o ex-presidente e seus aliados militares.
Golpista: Reuniões no Palácio da Alvorada
Segundo os relatos, Marco Antonio Freire Gomes e Carlos Almeida Baptista Júnior participaram de reuniões com Bolsonaro no Palácio da Alvorada, onde foram apresentadas minutas de decretos presidenciais voltadas para mantê-lo no poder após a derrota no segundo turno das eleições presidenciais de 2022.
Freire Gomes afirmou ter sido apresentado a uma minuta de golpe em uma reunião na biblioteca do Alvorada em 7 de dezembro, onde Filipe Martins, ex-assessor especial da Presidência, leu o teor do decreto. Ele também mencionou uma segunda reunião, onde uma revisão da minuta incluía a decretação de um Estado de Defesa.
Baptista Jr. também relatou participação em reuniões onde Bolsonaro discutiu a possibilidade de utilizar a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e decretar o Estado de Defesa para lidar com uma suposta “crise institucional”.
Golpista: Suspeita da urnas eletrônicas
Outro depoente, Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido de Bolsonaro, confirmou que a ideia de contratar o Instituto Voto Livre para fiscalizar as urnas após o segundo turno partiu do ex-presidente. Costa Neto afirmou ter sido pressionado por Bolsonaro para apresentar uma ação contra o resultado das urnas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Entre os depoentes, o ex-deputado afirmou não ter visto indícios concretos de fraude nas urnas eletrônicas no relatório do IVL.
Em contrapartida, outros depoentes negaram qualquer envolvimento em tramas golpistas. O ex-ministro Anderson Torres e o ex-assessor especial da Presidência, Filipe Martins, refutaram acusações de conhecimento ou participação em minutas de golpe.
Apesar das negativas, o ex-presidente Bolsonaro nunca admitiu discutir ou ter conhecimento de minutas golpistas. Sua defesa também negou seu envolvimento na elaboração de tais documentos.
Os depoimentos revelam uma intricada rede de discussões e propostas, enquanto o país aguarda os desdobramentos das investigações conduzidas pelo STF.
Com Agência Brasil