A sindicalização foi aprovada por mais de 60% dos votos em uma votação histórica, pois os trabalhos da HCL se tornam o primeiro grupo de trabalhadores terceirizados de uma gigante do mundo da tecnologia a se sindicalizarem, e a expectativa é de que essa votação acabe por ser a primeira de uma nova onda de trabalhadores terceirizados do setor de organizando em sindicatos.
Segundo Damon Di Cicco, um dos organizadores da USW), a PATP foi formada com suporte da AFL-CIO (Federação Americana do Trabalho e Congresso de Organizações Industriais, que é a maior central operário dos Estados Unidos), e o surgimento dela é importantíssimo pois cria um “braço” onde os trabalhadores do setor de tecnologia podem se organizar, facilitando a organização e cooperação entre funcionários que pertecem ao setor, mas não trabalham nas mesmas empresas.
A sindicalização dos funcionários acontece mesmo com a pressão da diretoria da HCL sobre seus funcionários para que eles não a aprovassem. Isso ficou comprovado por uma série de e-mails enviados nas últimas semanas pelo gerente geral da empresa, Jeremy Carlson, onde ele listava motivos pelos quais seus funcionários não deveriam se sindicalizar.
Entre os motivos listados por Carlson, estão o fato de a USW não ser da área de tecnologia (ela é um sindicato que foi criado por trabalhadores do ramo siderúrgico) e, por isso, não saber exatamente as necessidades do setor durante a negociação de acordos coletivos — justificativa que é desbancada pela criação da PATP, que abrigará apenas trabalhadores do setor de tecnologia e é quem irá participar das negociações de acordos coletivos com os representantes da indústria.
Outro motivo citado por Carlson é o fato de a USW ter um grande histórico de greves (ela é o sindicato que está organizando a greve de trabalhadores que ocorre na General Motors), além do fato de que muitas pessoas costumam se arrepender de fechar um contrato de sindicalização sobre o USW, e que, depois se desvincular dela, é um processo muito mais complexo. Carlson ainda afirma que a melhor forma de os trabalhadores conseguirem melhorias não é se sindicalizando, mas mantendo o diálogo aberto com os superiores da empresa.
Apesar de terceirizados, esses funcionários contratados pela HCL trabalham no mesmo prédio que aqueles contratados diretamente pela Google, mas não apenas são identificados de forma diferente lá dentro — o que já demonstra uma espécie de discriminação no ambiente de trabalho —, como também possuem salários muito menores e menos benefícios do que os não-terceirizados, mesmo quando ocupam cargos igual ao dos contratados diretamente pela empresa.
Segundo Christian Sweeney, diretor da AFL-CIO, a sindicalização dos trabalhadores terceirizados da Google é parte de um movimento cada vez maior de trabalhadores de alto grau de especialização e alta escolaridade que tem recorrido aos sindicatos como forma de melhorar suas condições de trabalho, e ele cita também os desenvolvedores que atuam na indústria dos videogames, além dos pesquisadores que trabalham para as universidades como parte deste contingente.
Fonte: Canal Tech