PUBLICADO EM 25 de ago de 2021
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Trabalhadores que produzem Oreos estão em greve em cinco estados dos EUA

A reportagem do The New York Times explica que os operários rejeitam mudança na duração dos turnos de trabalho e nas regras de hora extra

Foto: Instagram

Os operários sindicalizados que produzem os biscoitos Oreo, Chips Ahoy!, Newtons e outras marcas da Nabisco estão em greve em cinco estados dos Estados Unidos, por conta do que definem como demandas injustas de concessões nas negociações de um contrato coletivo.

Membros do sindicato Bakery, Confectionery, Tobacco Workers and Grain Millers no Colorado, Geórgia, Illinois, Oregon e Virgínia rejeitaram os apelos dos dirigentes da companhia por uma mudança na duração de seus turnos de trabalho e nas regras quanto a horas extras. Os operários também querem a restauração de um plano de pensão substituído em 2018 pela controladora da Nabisco, a Mondelez International, por um programa de contas de investimento para aposentadoria, depois de um impasse contratual.

“Queremos nossas pensões de volta. Temos direito a elas”, disse Mike Burlingham, vice-presidente da Divisão 364 do sindicato, em Portland, Oregon, em uma entrevista. “O emprego é bom, e as pessoas se planejam para suas aposentadorias. Se a companhia conseguir o que quer, não seria um emprego pelo qual valha a pena lutar”.

O sindicato estimou o número de operários em greve como superior a mil.

O contrato coletivo anterior expirou em maio. Os operários sindicalizados dizem que estão trabalhando até 16 horas por dia, porque a demanda por guloseimas cresceu durante a pandemia.

A companhia quer um esquema que permitiria turnos de trabalho de até 12 horas sem pagamento de horas extras, mas com menos dias de trabalho por semana. O pessoal que trabalha nos turnos de final de semana, antes elegível para remuneração suplementar, só receberia essa remuneração pelas horas de trabalho que excedam as 40 semanais. Além disso, os novos contratados pagariam mais do que os trabalhadores mais antigos por seus planos de saúde.

“Nosso objetivo sempre foi e continua a ser negociar em boa-fé”, afirmou a Mondelez International em comunicado, “mas ao mesmo tempo tomar medidas para modernizar alguns contratos formulados décadas atrás”.

A greve começou em Portland, Oregon, em 10 de agosto, e trabalhadores em Aurora, Colorado, Richmond, Virgínia e Norcross, Geórgia, aderiram, até a segunda-feira. A companhia anunciou que a produção continuava, com operários não sindicalizados.

Os trabalhadores sindicalizados dizem ter sido tratados injustamente enquanto a Mondelez International obteve fortes ganhos financeiros durante a pandemia. A companhia registrou alta de receita de 12% no segundo trimestre, ante o período em 2020.

Os operários também apelaram para que a companhia “deixe de exportar nossos empregos para o México”. Parte da produção do Oreo foi transferida para o México em 2016, uma decisão criticada por Donald Trump quando era candidato à presidência. Este ano, a Nabisco fechou fábricas em Fair Lawn, Nova Jersey, e Atlanta, mas a Mondelez afirmou que nenhum dos empregos que existiam lá foi transferido ao México.

O sindicato “tomará todas as medidas apropriadas a fim de chegar a um acordo contratual que garanta tratamento justo e equitativo aos trabalhadores da Nabisco”, afirmou Anthony Shelton, o presidente do sindicato, em comunicado.

Tradução de Paulo Migliacci

Fonte: THE NEW YORK TIMES

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