Além dos resquícios da devastação provocada pela pandemia, que deixou um saldo de centenas de milhares de mortes por covid, o país enfrenta crescente inflação, os impactos da guerra na Ucrânia na economia internacional e a inação de um governo mais preocupado em agradar as bases políticas do que em dar respostas concretas para os problemas da população.
No 4º trimestre de 2021, havia mais de 12 milhões de brasileiros desempregados e procurando trabalho. Outras 4,8 milhões de pessoas haviam desistido da procura devido à falta de perspectivas em encontrar uma vaga, em situação chamada de desalento. Ou seja, quase 17 milhões de brasileiros gostariam de trabalhar, mas não conseguiam ou simplesmente desistiram de procurar trabalho. Entre aqueles que trabalhavam, 7,4 milhões estavam subocupados por insuficiência de horas trabalhadas, ou seja, gostariam de trabalhar mais horas.
Durante a pandemia, os trabalhadores sem proteção trabalhista ou previdenciária foram os mais afetados. Agora, no entanto, boa parte da recuperação do mercado de trabalho ocorre por meio das contratações para postos de trabalho desprotegidos.
No final de 2021, 34 milhões estavam em ocupações sem proteção, o equivalente a 35% dos trabalhadores. O número de desempregados era elevado e, entre os ocupados, um de cada
três trabalhava em postos desprotegidos ou gostaria de trabalhar mais.
O poder de compra dos brasileiros também vem se reduzindo. A inflação faz com que os salários dos trabalhadores percam valor a cada mês e os preços dos produtos da cesta básica subiram ainda mais do que a inflação geral. Em contrapartida, a quantidade de reajustes abaixo da inflação cresceu de 23,7%, em 2019, para 47,3%, em 2021. No último ano, apenas 15,6% alcançaram
ganhos reais.
Como resultado, o rendimento médio do trabalhador brasileiro era de R$ 2.377, no final de 2021, mas cerca da metade dos ocupados (54%) ganhava R$ 1.500 ou menos. Durante a pandemia, o rendimento médio dos trabalhadores caiu 8%. Entre o 4º trimestre de 2019 e o 4º trimestre de 2021, a perda real foi de R$ 208. Nesse período, apenas Piauí, Sergipe e Amapá registraram aumento do rendimento médio real do trabalho.
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Fonte: Dieese