O impasse nas negociações da Campanha Salarial dos trabalhadores e trabalhadoras dos Correios levou a categoria a aprovar um indicativo de greve nacional a partir do dia 8 de agosto. A decisão foi aprovada em assembleias realizadas em todo o país essa semana pela categoria.
Os trabalhadores denunciam descaso e intransigência da direção dos Correios. A empresa propôs aumento de 6,05% a partir de janeiro de 2025, e reajuste de 4,11% nos benefícios, como vale-alimentação, a partir de agosto de 2024, medidas que foram consideradas como insuficientes em todas as bases.
A realização de concurso público e mudanças no plano de saúde também estão entre as principais reivindicações que seguem sem ser atendidas.
Novas assembleias no país estão marcadas para o próximo dia 7 e caso não haja avanço nas negociações a proposta é deflagrar greve nacional a partir da zero hora do dia 8.
Paciência da categoria acabou
O clima nas bases é de disposição de luta pelas reivindicações, segundo Geraldinho Rodrigues, dirigente da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios) pela CSP-Conlutas e integrante da Secretaria Executiva Nacional da Central.
“Os trabalhadores estão cansados de ouvir o presidente Fabiano dos Santos repetir como um papagaio que “o presidente Lula retirou os Correios da lista das privatizações”. Mas, o governo não deu um passo para acabar com a política covarde das terceirizações nos Correios, que sonega direitos, atrasa salários e benefícios de parcela expressiva da classe trabalhadora; assim como reverter ataques feitos no governo Bolsonaro, como em relação às férias dos trabalhadores”, relatou Geraldinho.
Além dos baixos salários, o menor entre as estatais, a falta de concurso público há 13 anos é outro grave problema.
O déficit de trabalhadores em todo o país passa de 30 mil, segundo os sindicatos. Essa situação reflete numa superexploração crescente e os casos de adoecimento físico e psíquico dos trabalhadores é cada vez maior.
O plano de saúde, com altos valores cobrados na coparticipação e nas mensalidades, tornou-se inviável para a maioria dos trabalhadores e a reivindicação da volta dos Correios Saúde também é central.
Nesta quinta-feira (1°), em uma nova rodada de negociação entre os sindicatos e a direção dos Correios o impasse continuou.
A empresa se nega a rever os graves problemas em relação ao Plano de Saúde, o que causou indignação geral. Mas mesmo sem apresentar nada de novo, os representantes dos Correios pediram “um voto de confiança” e mais tempo para negociações, o que também foi rejeitado, uma vez que as negociações se arrastam há mais de um mês e, no ano passado, a empresa não cumpriu o combinado.
“Nós, da CSP-Conlutas, defendemos que a mobilização é o caminho para conquistar as reivindicações dos trabalhadores. As direções majoritárias na categoria, ligadas à CUT e à CTB, precisam construir de fato uma mobilização unificada das duas federações e 36 sindicatos para cobrar a empresa e o governo Lula”, afirmou o dirigente.