Independente de quem esteja presidente da república, governador ou prefeito, o trabalhador precisa votar em quem defende seus interesses.
Obviamente, se os governantes executivos também corresponderem às expectativas da classe, melhor para a existência de direitos que contemplem suas necessidades.
Por isso, nas eleições municipais de 6 e 27 de outubro, o eleitorado, formado majoritariamente por trabalhadores, deve escolher com muito cuidado e atenção os prefeitos e vereadores.
‘Lives’ com os candidatos
A opinião é do presidente do sindicato dos 11 mil servidores estatutários e 7 mil aposentados da prefeitura e câmara de Santos (Sindest), Fábio Pimentel.
Ele falou sobre o tema no programa semanal ao vivo da entidade pelo facebook, youtube e instagram, na noite de segunda-feira (15), apresentado pelo jornalista Willian Ribeiro.
Eles aventaram a possibilidade de, após a definição dos candidatos a prefeito, convidá-los a participar das ‘lives’ para que exponham suas propostas.
Eleger erroneamente
O sindicalista não apontou candidatos de sua preferência, mas advertiu que, ao votar em representantes de segmentos que operam contra a maioria da população, os assalariados se prejudicam.
“Se o trabalhador não se mobilizar politicamente, acaba, por exemplo, elegendo um congresso nacional como o presente, extremamente neoliberal, contra o povo e até fascista em certa medida”.
Fábio ponderou que 70% da população brasileira é formada por trabalhadores. “Isso quer dizer que a maioria elegeu erroneamente os deputados e senadores”.
Três anos sem correção
Ele reforçou que a finalidade da análise não é indicar candidatos, até porque a categoria, desde a direção até as bases, é plural politicamente. “E ninguém é dono do sindicato para usá-lo como instrumento eleitoral”.
A intenção, explicou, é levar os servidores a avaliarem os candidatos compromissados com reivindicações populares e interesses nacionais, independente de partidos.
O dirigente lembrou que a maioria dos deputados votou a favor da lei complementar federal 173-2020, que deixou os servidores santistas sem correção salarial por três anos.
Olhar para trás
“Ela foi aprovada pelos parlamentares ligados ao presidente da república anterior, que também promoveu uma reforma previdenciária lesiva à classe trabalhadora”.
Fábio disse que a câmara de Santos aprovou, entre outras leis negativas, a de reforma previdenciária e de titularidade em prejuízo dos servidores.
Para ele, o voto “deve ser baseado num olhar para trás, para o histórico dos candidatos, de como atuaram em seus mandatos executivos ou legislativos”.
Erros e acertos
O sindicalista disse que Santos teve bons prefeitos, como Telma de Souza (PT), que atendeu reivindicações importantes dos servidores e concedeu os devidos reajustes e aumentos para a categoria.
“Mas será que ela só acertou? Será que nunca errou? Deve ter errado. Os erros e acertos de todos os candidatos devem ser pesados na hora do voto”.
Fábio citou também o atual prefeito, Rogério Santos (Republicanos), candidato à reeleição. “Ele foi bom para os trabalhadores? Não ficou devendo nenhum percentual à categoria. Tudo deve ser avaliado”.
Chantagear o executivo
No plano nacional, ele recordou a proposta de emenda constitucional (pec) 32-2020, que extingue o serviço público e consequentemente o servidor, idealizada pelo ex-ministro da fazenda Paulo Guedes.
Assinada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a ‘pec’ ainda tramita no congresso e “volta e meia é usada pelo presidente da câmara, Arthur Lira (PP-AL) para chantagear o executivo”.
Da mesma forma, o ex-presidente, “também baseado em Paulo Guedes, fez três modificações previdenciárias altamente prejudiciais aos trabalhadores”, disse.
Mau costume
Fábio lembrou ainda da reforma trabalhista do ex-presidente Michel Temer (MDB), que retirou direitos dos trabalhadores e enfraqueceu financeiramente os sindicatos.
“Os trabalhadores têm o mau costume de voltar em empresários, latifundiários e integrantes de outras classes sociais, tanto que apenas um quinto do congresso nacional vota a nosso favor”.
“Não podemos esquecer que somos 70% da população e que os políticos precisam necessariamente ser escolhidos para que votem a nosso favor”, finalizou o presidente do Sindest.
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