PUBLICADO EM 18 de maio de 2022
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Sindicatos denunciam exploração sobre merendeiras em SP

Diante do auditório Teotônio Vilela, na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), completamente lotado, lideranças sindicais, parlamentares e um representante do Ministério Público discutiram as precárias condições de trabalho de merendeiras e merendeiros no estado na última quinta-feira, 12 de maio.

Histórias de fraudes em editais de licitação, calotes no pagamento de salários e verbas rescisórias e sobrecarga de jornadas de trabalho foram algumas das histórias narradas pelos representantes dos sindicatos que estiveram presentes no encontro.

A atividade contou com o apoio e a presença dos deputados estaduais Luiz Fernando, mediador da atividade e Teonilio Barba, além da vereadora sorocabana Iara Bernardi, todos do PT.

Além de representantes de São Paulo, participaram da audiência entidades sindicais dos estados da Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Presidente da Confederação Brasileira Democrática dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação da CUT (Contac-CUT), Nelson Morelli, reforçou a importância do caráter de unidade das entidades sindicais de todo estado paulista.

” O governo não se mostra preocupado com a situação real das merendeiras. As pessoas estão trabalhando para passar fome. Os salários são péssimos e, muitas vezes, nem são pagos. Parte desse problema vem desde o golpe contra a presidenta Dilma [Rousseff] para retirar os direitos, depois foi eleito no Brasil um candidato cujo discurso era: ou você tem direitos ou tem emprego. Mas, a verdade, é que não temos emprego, nem direitos, nem nada. O que nos restou foi a nossa mobilização e a nossa organização para acabar com esse desmonte, com essa vergonha”, apontou.

Presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras nas Empresas de Refeições Coletivas e Merenda Escolar de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá e Ribeirão Pires (Seerc ABCDMRP), Genivaldo Barbosa, tratou da ausência de fiscalização por parte do governo paulista sobre as condições de trabalho no setor.

“Ando pelas escolas e nunca vi ninguém do estado fiscalizar. É fácil contratar, terceirizar tudo sem responsabilidade alguma e depois deixar o sindicato correr atrás. Vemos em algumas escolas uma merendeira responsável por 500 refeições. Para piorar, o sindicato chega para conversar e sofre para abrir um diálogo com as diretorias de ensino, que atuam como carrascas dessas trabalhadoras e trabalhadores, com vários casos de assédio moral”, denunciou.

Secretária-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Refeições de Sorocaba e Região (Sindirefeições TS), Alessandra Bércio, criticou também o contrato intermitente, comum na realidade da categoria.

“Esse contrato virou lei, mas é imoral, ele não cabe para as merendeiras. A nossa atividade é contínua. A criança não vai um dia sim, outro não para a escola. As trabalhadoras têm de estar todos os dias lá. E estamos falando de uma categoria composta por uma maioria de mulheres, que preparam alimentação dos filhos de inúmeras famílias. E, muitas vezes, elas se deparam com a falta de alimentos na hora de preparar a comida. Além disso, muitos direitos trabalhistas não são pagos. O que estamos fazendo aqui é um pedido de socorro”, disse.

A professora e secretária de Formação da CUT-SP, Telma Victor, criticou igualmente o descaso com a categoria.

“Há um excesso de trabalho das merendeiras que estão sobrecarregadas e não são valorizadas em seus salários e em seus direitos. Nesse ano de eleição, iremos entregar uma carta das entidades sindicais a todos os candidatos para dialogar sobre a pauta que nos unifica: os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras”, finalizou.

Ao final do encontro, o deputado Luiz Fernando firmou o compromisso de elaborar um dossiê com denúncias a serem entregues ao Tribunal de Justiça de São Paulo, ao Ministério Público e aos conselheiros do Tribunal de Contas do Estado, em parceria com as organizações sindicais.

O parlamentar apontou ainda que os sindicatos seriam convidados para apresentar as mesmas denúncias na comissão de Educação da Alesp.

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