Representantes dos Sindicatos de Jornalistas do Distrito Federal, de São Paulo e do Município do Rio de Janeiro, dirigentes da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e integrantes da Comissão de Empregados da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) reuniram-se, na quarta-feira (3/05), com o Secretário Executivo da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), Ricardo Zamora, e com presidente da EBC, Hélio Doyle. Na pauta, o redesenho da única empresa pública de comunicação em âmbito federal.
Na avaliação dos representantes dos trabalhadores, no novo organograma da EBC, o jornalismo público perdeu 20 cargos de gestão, que afetam diretamente a produção jornalística de interesse público. Enquanto isso, a Superintendência de Serviços de Governo ganhou os mesmos 20 cargos.
As entidades destacaram que as mudanças criam diversos gargalos no jornalismo da EBC e mostram uma prioridade para comunicação estatal. Com isso, o telejornalismo local será encerrado, com fim de quatro jornais públicos, só restando um telejornal noturno. Na rádio, a manutenção de três jornais fica inviabilizada. Já na Agência Brasil, a falta de estrutura pode ser ainda maior, com transferência de jornalistas para a parte governamental.
Os dirigentes sindicais criticaram a falta de participação dos representantes dos trabalhadores no redesenho interno. Defenderam que se faça uma comunicação de governo bem feita, mas que o jornalismo público não deve ficar em segundo plano. A recomposição das áreas poderia se dar com a diminuição em todos os setores da empresa e não só na Diretoria de Jornalismo.
De acordo com Hélio Doyle, neste momento, nada será alterado. Caso haja necessidade, medidas pontuais podem ser realizadas futuramente. Tanto ele quanto Zamora afirmaram que não há fortalecimento da comunicação governamental em detrimento da pública.
Sindicatos e FENAJ cobraram a realização de concurso público para preencher ao menos 72 vagas em aberto. O presidente da EBC disse que pretende implementar o novo Plano de Carreiras e Remuneração (PCR) antes de promover um novo concurso. As entidades reforçaram que precisam ser ouvidas na discussão do PCR e que o concurso não precisa, e nem pode, esperar.
Sobre os telejornais, o redesenho também impactou diretamente na decisão de redução, uma vez que, com a perda de quadros para a área governamental, a empresa optou por direcionar os esforços para a realização de apenas um telejornal. Os dirigentes lembraram que tal medida vai na contramão até de empresas privadas, prejudicando o espectador da emissora. As entidades cobraram a exigência legal dos noticiários e se preciso, uma análise e melhoria dos jornais e não sua extinção. A Secom reforçou que essa é a decisão do governo.
O grupo cobrou, ainda, a instalação do Conselho Curador. O secretário executivo da Secom disse que as dificuldades da conjuntura no Congresso impedem o envio de uma medida provisória ou projeto de lei neste sentido, no momento. O governo ainda estuda uma forma não legislativa de retomar esse instrumento de participação social na EBC.
Os Sindicatos reforçaram a autonomia dos trabalhadores em formular propostas e críticas à condução da empresa pública, já que foram a linha de frente na resistência à privatização, censura e assédio na EBC nos últimos anos. Por fim, a Secom solicitou que as críticas sejam enviadas ao Ministério para análise.
Fonte: Fenaj
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