Na semana passada, representantes das Centrais Sindicais, de Sindicatos dos Trabalhadores e da IndustriALL se reuniram, em Brasília com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, para apresentar propostas dos trabalhadores e cobrar medidas emergenciais diante do agravamento da pandemia de Covid-19.
Na ocasião, os sindicalistas apresentaram ao presidente da Casa o documento entregue semana passada pelo representantes dos trabalhadores à Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), ao Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores) e ao governador de São Paulo, João Doria, o “Acordo Marco Emergencial em Defesa da Vida e do Trabalho”.
No documento, os sindicalistas defendem ações conjuntas entre representantes dos trabalhadores, empresas e poder público, já que não há uma coordenação nacional de enfrentamento da pandemia. Na pauta para as entidades patronais estão a defesa do isolamento social, com programas de proteção ao emprego e renda; a compra de vacinas pelas empresas para doação ao SUS, em um primeiro momento; apoio privado ao sistema público de saúde; reconversão industrial e crédito para as empresas da cadeia produtiva das montadoras.
“Demos um passo importante para que os representantes dos trabalhadores consigam dialogar com a Câmara dos Deputados sobre políticas de enfrentamento à pandemia”, diz Miguel Torres, presidente da Força Sindical.
Aroaldo Oliveira da Silva, presidente da IndustriALL lembra que para as propostas serem efetivas, é fundamental essa articulação com o poder legislativo, já que serão necessários mecanismos para que o setor privado dê suporte ao SUS (Sistema Único de Saúde)”, afirmou o sindicalista.
“O diálogo sobre política industrial também foi essencial, porque até agora não encontramos neste governo nenhuma possibilidade de diálogo para as questões relacionadas aos trabalhadores e à indústria”, completou.
Auxílio e emprego
Na ocasião, os dirigentes também entregaram a pauta conjunta das centrais sindicais pelo auxílio emergencial no valor de R$ 600, por medidas de proteção dos empregos e cobraram um plano nacional de vacinação.
Em nota conjunta, as centrais defenderam a urgência da reedição do programa de complementação salarial em casos de acordos de redução de jornada ou suspensão temporária do contrato de trabalho. “É fundamental o auxílio emergencial de R$ 600 mensais para quem precisa, até o fim da pandemia”, alerta Torres.
Devido ao agravamento da pandemia, as centrais exigem que haja negociação coletiva, manutenção da garantia de emprego pelo dobro do tempo dentro do programa, financiamento com fontes de recursos extraordinários que não recaiam sobre os trabalhadores, entre outros.
Reindustrialização do Brasil
Outro ponto de destaque na reunião foi a necessidade urgente de reindustrialização do país. Os representantes dos trabalhadores discutiram com Arthur Lira o estudo elaborado pelo Dieese, apresentado nesta semana, que mostra o desmonte das empresas no Brasil e a consequente perda de empregos e investimentos ocasionados pela Operação Lava Jato. Entre os efeitos estão a perda de R$ 172 bilhões em investimentos e o fechamento de 4,4 milhões de postos de trabalho.
Como definição da reunião, o parlamentar instituiu o grupo tripartite, com participação sindical, para criar instrumentos e regramentos que impeçam que essa destruição se repita.
Aroaldo também apresentou a IndustriALL-Brasil e defendeu uma indústria nacional forte no país. “Apresentamos a importância da indústria de transformação, que representa 11% do PIB, 15% do emprego formal e 14,4% da massa salarial. Reforçamos que cada R$ 1 investido na indústria no Brasil gera R$ 2,63 na economia e que há uma relação direta entre a desindustrialização e a queda da massa salarial de toda a classe trabalhadora. Fizemos a comparação entre o faturamento e a arrecadação de impostos e tributos da indústria e do agronegócio, lembrando que isso tem impacto direto no financiamento do Estado”, contou o presidente da IndustriALL-Brasil.
Petrobras
Também participou da reunião o coordenador geral da FUP (Federação Única dos Petroleiros), Deyvid Bacelar. Ele destacou o desmonte que vem acontecendo na estatal e criticou o fato de o Brasil importar gasolina quando há capacidade de produção a partir das refinarias nacionais.
Com informações do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC